Accept em Fortaleza em outubro de 2018

Armazém, Fortaleza/CE (12/10/2018)

Finalmente, depois de dois shows cancelados na capital, e quase um ano de espera pelo heavy metal do Accept, os fãs tiveram a tranquilidade de saber que a banda pisou em solo cearense com a tour The Rise Of Chaos. Mark Tornillo, vocalista da banda, falou sobre as expectativas para o concerto da noite. Aparentemente cansado da viagem, ele disse: “Always the best to the fans” (Sempre o melhor para os fãs). E assim foi cumprido.

A casa de shows Armazém estava lotada à espera do quinteto alemão. Nos primeiros riffs de Die By The Sword já se podia sentir a energia que estava por vir. Stalingrad foi acompanhada por um coro diante do solo de Wolf Hoffmann e em Restless and Wild o público parecia ser uma segunda voz que respondia a cada vez que Tornillo cantava o refrão. KoolaidNo Regrets e Analog Man, músicas do último CD, também estiveram presentes. A clássica Princess Of The Dawn fez todo mundo cantar junto e pular no refrão.

Wolf Hoffmann esbanjou simpatia interagindo a todo momento com os fãs. Sorridente do início ao fim, teve seu momento solo, onde foi aclamado por sua pegada firme e limpa na execução. Juntamente com Uwe Lulis, os dois guitarristas mostraram sincronia nas performances clássicas do heavy metal. O frontman Mark mostrou drives impecáveis, como já era de se esperar, além de uma grande admiração pelo público presente. A conexão da banda com os fãs foi fascinante, que a todo momento respondia positivamente com coros à capela.

O fã Alan Maxwell, 25, relatou que o show superou suas expectativas: “Foram 2 adiamentos e quase um ano de espera, Mark havia falado que teríamos um show especial e realmente cumpriram a promessa. Acho que todos ali estavam super ansiosos e muitos chegaram cedo para garantir lugar próximo a grade, eu fui um deles, cheguei por volta das 17hrs. Sobre o setlist, senti falta especialmente de Midnight Mover que, inclusive, fazia parte do antigo set, o da primeira data, ainda na Barraca Biruta. Por algum motivo foi removida, e foi uma pena, pois era a que eu mais queria ouvir, mas fizeram um grande show, não esperava menos deles.”

O Accept com sua longa carreira e experiência continuam mostrando valentia no palco, foi nítida a empolgação mútua com a clássica Metal Heart e a descontração com o suspense causado com um falso fim de show em Teutonic Terror, voltando com tudo em Fast As A Shark. Finalizaram com a aclamada Balls To The Wall, levando os fãs a loucura. Mark Tornillo agradeceu a paciência e falou sobre finalmente estarem tocando em Fortaleza, assim como, elogiou a cidade. Com o fim do show, pude ouvir certos comentários de fãs que se diziam surpreendidos com a realização do espetáculo, superando as expectativas.

As apresentações tiveram um formato diferente, um festival sem nome de festival, digamos assim, com 6 bandas além da atração principal, como Korzus e Matanza. Com o atraso na abertura dos portões e mesmo com dois palcos, todos os shows começaram com cerca de 30 min de atraso. A sequência de bandas nordestinas começou com o metalcore da In No Sense (CE), agitando com um som pesado e letras em português, sendo um diferencial das demais bandas. Ao Seu Alcance foi a última música do set e fechou muito bem a apresentação.

A seguir, a Hostile Inc (CE) em cena desde 1998 com seu death progressivo teve um show energizante, abordando em suas letras assuntos políticos. O vocalista Mac Coelho disse que estão prestes a lançar um CD, tocando o single La Petite Mort, que teve uma boa aceitação pelo público presente.

Os piauienses da Megahertz, que já são conhecidos em Fortaleza interagiram bastante com o público, conversando como velhos amigos. O trash metal presente desde 1985, esquentou a casa de shows com os solos dos guitarristas Kasbafy e Mike.

A banda feminina The Knickers (CE) já entrou no palco mostrando a que veio, a introdução foi arrepiante! Com um discurso feminista que falava sobre a presença da mulher no cenário do rock e os preconceitos que o entornam, violência doméstica e frases de políticos famosos no Brasil, a banda de heavy fez um show elétrico e de forte presença, aumentando mais ainda empolgação dos fãs que aguardavam ansiosamente a banda principal da noite.

Accept fez um show palpitante, como já mencionado. Em seguida, os paulistanos da banda Korzus não deixaram os corpos esfriarem com seu trash metal. Marcello Pompeu, vocalista, colocou os fãs pra “levarem uma pêia”, como já diria um cearense nato, nas rodas punks que se formavam a todo momento. A música Catimba foi uma das que mais animaram, assim como os incontáveis solos dos guitarristas Heros Trench e Antonio Araújo que abusaram das distorções.

Outra grande espera da noite foi a banda Matanza, em sua turnê de despedida, anunciada depois de 22 anos na estrada. Iniciaram o show com a música O Chamado Bar, e como já era esperado, a grande roda punk estava formada. O show foi repleto de clássicos como: Ela Roubou Meu Caminhão, Pé Na Porta e Soco Na Cara, Eu Não Gosto De Ninguém, etc. As donas da festa também marcaram presença, as fãs mostraram sensualidade ao som da música Mulher Diabo. Jimmy London apresentou uma simpatia a mais do que aquela que costumeiramente vemos em seu personagem. Alguns fãs disseram sentir a falta de músicas do último álbum, Pior Cenário Possível.

Jimmy falou sobre suas recordações dos shows na cidade, como a primeira vez em que tocaram na extinta casa Hey-Ho. Disse que a última música seria uma mensagem para os fãs, terminando o show com Bom É Quando Faz Mal. Finalizou a noite atendendo a todos os fãs que desejavam uma foto com o cantor.

(Cibele Coelho e Lennon Cunha)