Alcest abraça o Rio de Janeiro em show emocionante

Teatro Odisséia, Rio de Janeiro/RJ (01/07/2018)

Em mais uma passagem pelo Brasil e a primeira com o Rio de Janeiro na rota, o grupo francês Alcest chega em terras cariocas para divulgar o álbum Kodama, lançado em 2016, em um show bem especial: executando na íntegra o álbum todo, que foi muito bem recebido pela crítica especializada celebrando o retorno às “raízes” da banda, que executa e foi uma das precursoras do Blackwave/Blackgaze ou como é mais tradicionalmente chamado, Post-Black Metal.

Para um domingo, o show começou até tarde, mas sem bandas de abertura e nada que atrapalhasse o decorrer do dia seguinte. Pontualidade é um forte das produções da Overload, e precisamente às 20h a banda sobe ao palco para uma breve introdução e logo o álbum começa a ser executado. A ótima Kodama abre o show com seus riffs categóricos e cheios de efeito. Kodama, que é uma transcrição japonesa para “a árvore do espírito” passa muito bem este sentimento no ambiente músical, com ótimos riffs e toda a áurea etérea que a banda criou muito bem desde seu princípio.

O álbum tem quarenta minutos, aproximadamente. Então a primeira parte do show passa bem rápido, com destaque para as ótimas Je Suis D’Ailleurs e Oiseaux de Proie, em que os vocais rasgados de Neige voltam com excelência, depois de uma pegada mais clean/dream pop no álbum anterior, o divisor de águas Shelter (2014). Encerrando com a densa instrumental Onyx, o quarteto (ao vivo, pois em estúdio são apenas Neige e Winterhalter, na bateria), se prepara para executar músicas gloriosas do resto da sua carreira, que totalizam quatro álbuns anteriores.

A primeira a ser tocada é a antológica Souvenirs D’un Autre Monde, do álbum de mesmo nome e de estreia da banda, lançado em 2007. O registro é um clássico do estilo e basicamente influenciou tudo o que foi criado no estilo posteriormente, tanto na estética quanto na sonoridade. Outras músicas de destaque executadas na segunda perna do show foram Autre Temps (Les Voyages de L’âme, 2012) e seu sing along primoroso, e Sur L’Océan Couleur de Fer (Écailles de Lune, 2010) e sua totalidade acústica, mas que preenche todo o espaço com sua densidade e melodia ímpar.

Encerrando a passagem carioca, a banda executa a extensa e intensa Délivrance (Shelter, 2014) e entrega tudo o que o fã carioca, que compareceu em quantidade satisfatória, poderia esperar de uma primeira performance do Alcest pelo Rio de Janeiro: Um show especial e clássicos de toda a carreira primorosa da banda. A entrega do grupo francês foi visível e emocionante. O Rio de Janeiro se sente agraciado por ter sido testemunha de um esmero além do musical e aguarda ansiosamente a próxima vinda.

(Luiz Mallet)