Green Day relembra a adolescência no Rio de Janeiro

Jeunesse Arena, Rio de Janeiro, RJ, 01/11/2017

Era véspera de feriado de finados no Rio de Janeiro e o Green Day retornava à Cidade Maravilhosa para mais uma apresentação, dessa vez compreendendo o último álbum lançado pela banda, o saudoso Revolution Radio. Na ocasião, o concerto se daria na Jeunesse Arena, conveniente cria do finado (com perdão do trocadilho) HSBC Arena. A estrutura não mudou em nada, mas certamente depois das Olimpíadas, o transporte ficou bem facilitado.

Quem fez as honras de abertura da noite foi o The Ininterrupters. A banda, formada em 2011, mistura com Ska com Street Punk e agitou a galera num show na medida certa e bem conciso. Destaques para Aimee Interrupter e seu trato com o público e controle da voz e para as músicas Easy On You, On a Turntable e Family, que encerra o show e faz com que a atmosfera se vire para um show aguardado em terras cariocas.

Com uma longa abertura que incluiu Bohemian Rhapsody (Queen), Blitzkrieg Bop (The Ramones) e The God, The Bad and The Ugly (Ennio Morricone), o Green Day finalimenteabre sua apresentação com Know Your Enemy, que agita a galera a ponto de termos o primeiro fã subindo no palco e fazendo um breve stage diving que já colocou todos em polvorosa. A trinca de início também teve Bang Bang e Revolution Radio.

Logo após o primeiro ato, começaram os clássicos, abrindo com Holiday e Boulevard of Broken Dreams, o público foi à loucura pois são músicas bem conhecidas e compõem um dos grandes trabalhos na carreira dos americanos, o álbum American Idiot, de 2004. Músicas como 2000 Light Years Away e Longview contam com grandes partes no meio apenas de interação festiva entre Billy Joe e o público, o que pode tornar a apresentação um pouco maçante e seria um espaço muito bem preenchido por músicas que o público gostaria de ouvir, mas ajuda no trabalho da banda fazer uma apresentação de duas horas e meia, aproximadamente.

Clássicos levaram os fãs à loucura e abriram grandes rodas no Jeunesse Arena. Canções como Minority (tocada toda num palco que ficava ao final do dedo), Basket Case e She (tocadas em sequência, levando o público à loucura) e, é claro, o Bis com American Idiot e Jesus of Suburbia (que abriu grandes rodas por todo o local) foram festejados por todos os presentes. O interessante é: Em uma banda que claramente faz um som voltado para um público mais jovem, os presentes ali já estavam, quase em sua integralidade, na casa dos vinte e cinco ou trinta anos. O que nos ajuda em uma leitura: O Green Day mantém sua música ainda focada nos fãs que os fizeram alcançar a glória no fim dos anos 90/começo dos anos 2000.

Com um final de show acústico e com Good Riddance (Time of Your Life), o Green Day se despede mais uma vez de um show apoteótico e com nuances de Arena Rock no Rio de Janeiro. Ainda lembrado por todos os feitos grandiosos de outrora, a apresentação se colocou como uma lembrança carinhosa de um tempo antigo, que remetia à adolescência. Que os pequenos que lá estavam tenham gostado para levar essa chama acesa por mais tempo e os mais velhos, que tenham energia para continuar segurando-a pelo maior tempo possível.

(Luiz Mallet)