Pain of Salvation traz renascimento intenso no Rio de Janeiro

Teatro Rival, Rio de Janeiro, RJ , 26/04/2018

O ano é 2014, e Daniel Gildenlöw, vocalista e guitarrista do Pain of Salvation, contraiu uma bactéria comedora de carne e passou por diversas cirurgias para se livrar desse problema que o levaria à morte. Após se curar, em 2017, o Pain of Salvation lança o álbum In The Passing Light of Day, no qual Daniel faz músicas de experiências quase fatais e como é viver para contar mais um dia. É em cima dessa base que os suecos voltam ao Rio de Janeiro para mais um show, com a abertura mais uma vez correta da Reckoning Hour.

No ótimo Teatro Rival, o Pain of Salvation abre o show com uma trinca pertencente ao último lançamento, sendo ela: Full Throttle Tribe, Reasons e Meaningless. Uma coisa a ser percebida é que, mesmo com um tema bastante sensível, o último registro é um dos mais viscerais e pesados da carreira da banda, como visto em muitas passagens das duas primeiras citadas.

Mas ao mesmo tempo, a banda evoca sua atmosfera do começo, como nas músicas Inside Out (One Hour By The Concrete Lake, de 1998), Revival (Entropia, de 1997) e Rope Ends (Remedy Lane, de 2002), além é claro, do clássico Ashes, que é figura carimbada em todo o show da banda e mostra que, mesmo sendo uma banda de progressivo e com algumas músicas com alto grau de complexidade, os suecos conseguem fazer bem músicas mais simples, comerciais e ainda sim manter sua aura característica.

Infelizmente o álbum BE (2004) não teve nenhuma música executada e, para este que vos escreve, é o melhor da carreira da banda. Mas essa falta pode ser compensada com as ótimas Kingdom Of Loss, do álbum Scarsick (2007) e Linoleum, pertencente ao álbum Road Salt One (2010), que tiveram ótimas interpretações. Musicalmente, o Pain of Salvation dá um banho de técnica e Daniel, por mais que tenha passado por dificuldades médicas no passado, não dá pistas de desgaste na sua voz. Executando normalmente músicas de qualquer passagem da banda.

Encerrando com a épica In The Passing Light of Day e seus quinze minutos, o Pain of Salvation mostra que está mais vivo do que nunca e mostra que este novo nascimento da banda traz uma intensidade musical jamais antes vista na banda. Esperamos que o grupo ainda viva muito tempo para nos contas mais histórias e que tenhamos a graça de revê-los pelas terras cariocas.

(Luiz Mallet)