Pearl Jam mostra sua força no Rio de Janeiro

Maracanã, Rio de Janeiro, RJ, 21/03/2018

Era uma quarta-feira, o que não é um dia normal para shows, mas novamente o Rio de Janeiro surpreendeu e encheu um Maracanã (literalmente) para mais uma apresentação do Pearl Jam em solo carioca. O que não é novidade aqui por essas bandas não necessariamente é algo gasto, haja vista que cada show dos americanos é um show diferente. Os portões se abriram às 16h e muitos fãs já se encaminharam para as primeiras fileiras dos setores para acompanhar da melhor forma possível o espetáculo.

Mas antes do Pearl Jam, teve a correta apresentação dos britânicos do Royal Blood. O duo vem ganhando espaço no cenário musical mundial com um resgate do garage rock em sua forma mais primitiva, mas com uma produção de alto nível. Com um show bem pragmático, mas direto e potente, o grupo destila músicas como Lights Out, Little Monster e Out of the Black ao longo do pouco mais de uma hora de palco. Uma abertura digna para um headliner digno.

As luzes se apagam, Metamorphosis Two (música de Philip Glass) começa a tocar nos speakers do local e o Pearl Jam começa a adentrar ao palco. Iniciando o show com Release, Low Light e Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town, as primeiras impressões são de uma apresentação que focará em músicas menos conhecidas e mais “pé no freio” da banda, mas logo Animal vem para quebrar o clima calmo que estava instaurado e coloca fogo na apresentação.

Cenograficamente, o Pearl Jam dá aula. Lustres de bambu que descem e sobem, aliados a um grande globo de espelhos, barras de LED e mais alguns truques de luz dão vida ao palco e criam atmosferas ainda mais complexas e direcionadas para as músicas, como pode ser visto em músicas como a grandiosa Jeremy e Immortality.

E vocês estão pensando que só o Pearl Jam estava presente nessa noite? Não! Chad Smith e Josh Klinghoffer, respectivamente baterista e guitarrista do Red Hot Chilli Peppers estavam presentes na casa e participaram nas músicas Can’t Deny Me e Rockin’ in the Free World (Cover de Neil Young), fazendo com que as músicas e a apresentação se abrilhantasse ainda mais.

O Pearl Jam é uma banda que se preocupa com o que seus fãs vão experimentar em seus shows e de forma individual. Após a polêmica com o cartaz direcionado para o Rio de Janeiro, Eddie Vedder, que falava muito em português com o público através de uma cola, discursou sobre empoderamento feminino antes da música Daughter. Outra prova desse argumento é que após o fim de Alive, as luzes do local se acenderam, denunciando o “estouro” do tempo de palco da banda e assim mesmo, o grupo ainda tocou duas músicas, num claro gesto de divertimento mútuo.

Fechando o show com Yellow Ledbetter, o Pearl Jam faz mais de 2h40 de espetáculo e sai ovacionado do maracanã já numa Quinta-Feira no Rio de Janeiro. Levar uma multidão a um estádio de futebol numa Quarta sem ser, efetivamente, um jogo de futebol é algo que só bandas com a estrutura emocional que o Pearl Jam criou consegue fazer. E demonstra mais que isso: evidencia que o rock n roll ainda, mesmo que agonize, não vai morrer.

(Luiz Mallet)