Festival Cruilla Barcelona: muito mais do que música

Dias 6, 7, 8 e 9 de julho de 2022

Quando fomos convidados a participar do evento de apresentação dos artistas que compõem o cartaz da edição 2022 fomos alertados e informados de alguns detalhes. Que o mesmo não estava totalmente fechado, que o evento seria mais do que um festival de música e o porque do Festival Cruilla ser como tal e não uma extensão (como muitos querem) do outro festival da cidade de Barcelona. 

Um festival que não te oferece uma enxurrada de bandas e sim um evento multicultural com direito a música e sua mistura de estilos, países, cores e sabores sem querer medir forças com os demais, a proposta é e sempre será outra. 

Pulseiras contactless, copos reutilizáveis e biodegradáveis que tanto chamam atenção nos dias atuais já é uma realidade neste festival há anos, justamente porque o mesmo há muito tem um compromisso como o meio ambiente.  

E é por esse compromisso que o Cruilla se recusa a crescer em público, a querer aumentar o deslocamento de massas e consequentemente a poluição local além de colocar em risco a qualidade do evento que tanto prioriza a comodidade do espaço, as poucas filas para comprar bebida ou comida além da curta distância entre os palcos.  

Poucas são as apresentações que coincidem em horários. Há também o compromisso com a juventude e um dia dedicado aos artistas que atualmente são populares entre os mais jovens, não por discos vendidos mas sim por número de reproduções em playlists. Os ingressos para este dia são mais baratos do que outros no festival. 

Outro fato que chama atenção é na escolha dos trabalhadores, com prioridade a quem reside próximo ao evento e aos que estão na fila do desemprego. Ainda que seja algo temporário, sair dessa fila conta muito, ainda mais na Europa.  

A cerveja patrocinadora é uma marca nacional, a praça de alimentação dá preferência ao comerciante local.  

Uma lista quase infinita de coisas positivas que apresenta o festival. Do lado musical e como foi dito acima, há para todos os gostos. Dos clássicos Duran Duran aos britânicos endiabrados, cínicos e debochados do Sleaford Mods e chegando ao porto-riquenho Residente. De Juan Luis Guerra e Rubén Blades a The Bloody Beetroots além dos mexicanos Molotov. E aí começamos a tocar em nossa especialidade que é o bom e velho rock’n’roll.  

O grande nome do estilo no evento é Jack White, junto dos britânicos que mais se aproximaram do Joy Division em seus primeiros discos como são os Editors e os americanos do Vintage Trouble e suas impactantes apresentações. Também avisamos anteriormente que o Cruilla é muito mais do que música e dentro do mesmo há o Cruilla Arts. Uma programação com vários artistas de Stand up Comedy, os já habituais grafiteiros, cartunistas, a companhia internacional de hip hop, dança e cultura urbana representada por Brodas Bros além de uma exposição fotográfica e uma homenagem ao falecido fotógrafo Xavier Mercadé que é toda uma referência quando o assunto é fotografia de shows. Fica a dica!

(Texto: Mauricio Melo e Ana Paula Soares)