Review do Festival Cruilla 2022, em Barcelona

6 a 9 de julho, Parc del Fòrum de Barcelona

O festival Cruilla em Barcelona sempre foi conhecido por seu ecletismo e em 2022 não foi diferente. Tivemos uma primeira noite dedicada ao público mais jovem, com os artistas mais populares da Europa baseado nos números de listas de streaming em diversas plataformas. 

Tivemos a noite que fechou o evento dedicado ao público latino e artistas como Juan Luis Guerra e Rubén Blades. Madrugadas eletrônicas como The Bloody Beetroots e Hot Chip e também muito rock com Vintage Trouble e Jack White. 

Entre o início que contou com a banda mexicana Molotov e o fim do festival com Rubén Blades, mais precisamente na sexta-feira os artistas que melhor fazem nosso perfil (rock) deram um show a parte. Se bem que tivemos uma dupla britânica pra lá de “intrujona” entre as guitarras distorcidas de Jack e o rock soul do Vintage Trouble. 

Estamos falando do Sleaford Mods, que apesar de “eletrônico” é o produto mais punk saído da Inglaterra dos últimos anos e inundaram o Cruilla com suas letras ácidas e críticas contra a sociedade britânica. “The New Brick”, “T.C.R.”, “Jolly Fucker” e “Tie Up in Nottz” foram apenas algumas do vasto setlist que possui a dupla. A mesma vai passando por todos os grandes festivais na Europa. 

Também da terra da rainha veio o Editors que não víamos há mais de uma década e do passado sentimos falta de quando a banda era comparada ao Joy Division, naquele então que foi o primeiro disco do quarteto. 

No mesmo palco que se apresentou o Sleaford Mods, o Vintage Trouble deixou sua marca registrada, uma impressão digital que contém Rock, Soul e Rhythm and Blues. A banda é proveniente de Los Angeles mas com alma de Tennessee. Todos os integrantes tem um papel fundamental na banda mas definitivamente quem rouba a cena é Ty Taylor. Sua voz, ginga, saltos acrobáticos e o contato com o público são essenciais para que músicas como “Low Down Dirty Dog”, “Nancy Lee” e “Blues Hand Me Down” fluam com perfeição e muito bem executadas por Nalle Colt, Rick Barrio e Rich Danielson, guitarra, baixo e bateria respectivamente. Um show a ser visto, principalmente pelos amantes do autêntico Rock and Roll. 

 

Por falar em Rock and Roll o dono da festa foi definitivamente Jack White que até poderia mudar de nome na atual turnê já que o azul é a cor predominante. Guitarras azuis, cabelo azul, roupa e luzes de palco azuis. O que não mudou de sua última visita para esta foi a decisão de mandar os fotógrafos para o que agora chamam de F.O.H. (Front Of House), ou seja, da mesa de som. Mais um artista que vê o fotógrafo como inimigo e não como aliado. Nada disso ofusca sua apresentação, seu riffs, o total controle da situação alternando entre músicas de sua carreira solo em “Take Me Back” e “Fear of a Dawn” com “Steady As She Goes” de seu projeto com The Raconteurs e um bom punhado de White Stripes, “Dead Leaves and the Dirty Grounds”, “Black Math”, “Fell in Love With a Girl”, “Catch Hell Blues”, a esperada “Seven Nation Army” e algumas mais. 

Jack White tem uma carreira completa mas não abre mão do recurso The White Stripes. Bom para quem nunca assistiu a dupla que conquistou o mundo há um par de décadas atrás. 

Para finalizar, sabemos que a banda em questão não faz o perfil de nossas publicações mas vale uma ressalva. Os britânicos do Duran Duran também se apresentaram no festival. É obvio que a primeira coisa que vem à cabeça são sintetizadores e pop mas cá entre nós. 

Ao vivo a banda tem boas guitarras e apesar da beleza física ter ficado para trás porque o tempo passa para todos, a banda se mantem em forma e a voz de Simon Le Bon está impecável. 

(Texto: Ana Paula Soares, Fotos: Mauricio Melo / Snap Live Shots)