Offspring e Bad Religion em São Paulo

No último dia 29/10/2019, o Espaço das Américas em São Paulo recebeu dois dos maiores representantes do punk rock californiano dos anos 1990. Numa das noites mais quentes do ano, o ar condicionado da casa não foi suficiente para esfriar os ânimos dos fãs que esgotaram todos os ingressos da terceira edição do festival Rock Station.

Apesar de o Bad Religion ter sido formado anos antes do The Offspring e ser um dos maiores responsáveis pelo sucesso do grupo (Brett Gurewitz, um dos fundadores do BR e dono da Epitaph Records apostou na banda e lançou seus primeiros álbuns), faz muito tempo que a “criatura ultrapassou o criador”. Portanto, por mais importância histórica que o Bad Religion tenha e as duas bandas terem tido o mesmo tempo de apresentação, a primeira a se apresentar na tórrida noite paulistana foi o Bad Religion.

Iniciando o show com um de seus maiores sucessos 21st Century (Digital Boy), seguida de Fuck You, o quinteto liderado pelo vocalista Greg Graffin entregou um show impecável, com 25 músicas sem parar, uma atrás da outra, deixando o público até sem tempo de respirar. Não faltaram clássicos como Infected, Modern Man, Overture, Generator e o encerramento eletrizante com American Jesus. O Bad Religion mostrou mais uma vez que são mestres naquilo que fazem, não importa em que posição toquem.

Com a casa em sua capacidade máxima de lotação, era difícil até de se locomover lá dentro, em qualquer setor. E quando o Offspring entrou em cena, foi difícil imaginar que haveria espaço para que alguma “roda” se formasse, mas assim que a banda pisou no palco e começou os primeiros acordes de Americana, seguida de All I Want e Come Out and Play, cada centímetro de espaço que ainda sobrava dentro do Espaço das Américas foi tomado por rodas de pogo e o público ensandecido pulou e cantou cada palavra de todas as músicas tocadas na noite.

Uma banda recheada de hits como eles não precisaria tocar covers em seus shows, mas como Dexter e Noodles disseram, eles queriam homenagear as melhores bandas do mundo, então fizeram versões – um pouco sofríveis, diga-se – de Ramones (Blitzkrieg Bop) e AC/DC (Whole Lotta Rosie).

O show prosseguiu com Bad Habit e Gotta Get Away, quando a banda fez um pequeno intervalo, um piano de cauda foi colocado no meio do palco e Dexter transformou um dos maiores sucessos do grupo – Gone Away – numa balada insossa. Apesar de a música ter sido cantada em uníssono pela platéia, foi uma versão totalmente desnecessária, duvido que alguém ali não preferisse ouvir as guitarras distorcidas da versão original do que o piano…

Mas enfim, nem tudo estava perdido e voltou ao normal com a sequência Why Don’t You Get a Job?, (Can’t Get My) Head Around You, Pretty Fly (For a White Guy) e The Kids Aren’t Alright, com Noodles e Dexter parando sempre para conversar ou fazer alguma piada com o público entre cada música. Elogiaram São Paulo e encerram com You’re Gonna Go Far, Kid e Self Esteem, que sugou de vez o que ainda restava de energia do público cansado e suado, mas de alma lavada. Parabéns a Rock Station por mais uma edição de sucesso!

(Texto: Mari Franco / Fotos: Leandro Almeida)