Review: Opeth faz viagem no tempo em São Paulo

Terra SP, São Paulo/SP, 08/02/2023

Uma grata surpresa na volta dos suecos do Opeth em terras brasileiras; desta vez, em data única, na “nova” casa de shows Terra SP – ainda desconhecida no circuito dos shows de heavy metal. Som impecável do começo ao fim e a casa cheia com uma plateia ensandecida marcaram a noite de quarta-feira em São Paulo no último dia 8 de fevereiro.

Desde a discreta entrada da banda no palco, pontualmente às 21:00, e os primeiros riffs de “Ghost of Perdition” o público já entoava e mostrava o quão aguardada era a sua volta para o Brasil, adiada (assim como vários outros eventos) pela pandemia do Covid-19.

Sua vinda, a princípio marcada para divulgar seu último trabalho de estúdio, “In Cauda Venenum” (2019), teve o setlist completamente reformulado para compensar aos fãs o atrasado causado pelo adiamento. Ao invés de focar no lançamento do último álbum, os fãs foram presenteados com uma noite inesquecível, dado que o setlist foi formado por uma música de cada um dos trabalhos de estúdio; difícil agradar a todos num formato desses, já que todos têm sua favorita de cada, mas a seleção foi perfeita para a noite.

Nenhum ponto baixo na seleção. Os músicos, liderados pelo frontman Mikael Åkerfeldt, estavam em ótima forma, apesar desta ter sido a primeira apresentação da banda no ano, após um breve hiato desde novembro do ano passado para as devidas e merecidas férias com as respectivas famílias.

Durante uma das pausas para conversar com o público, Mikael até “pediu ajuda” ao público, explicando que estão um pouco “enferrujados” e precisaria de apoio para lembrar as letras.

Durante o bis, fizeram uma homenagem a uma das maiores composições do metal extremo de todos os tempos: “You Suffer”, do Napalm Death.

 

Os que conhecem sabem muito bem do que estou falando; aos que ainda não ouviram, não deixe de conferir esta obra prima. Após três tentativas de tentar reproduzir essa peça incrível do metal, Mikael promete uma música do Opeth para de fato encerrar a noite, e “Deliverance” foi a escolhida para sacramentar uma verdadeira aula apresentada pelos suecos.

O som do Opeth foi evoluindo demais ao longo dos últimos anos, e uma noite como essas foi uma perfeita viagem pelo tempo. Difícil rotular o som da banda hoje em dia, algo entre death metal progressivo com diversos elementos de rock clássico.

Surpreendente que, não importa a época do lançamento, todas as músicas funcionaram bem demais ao vivo. Agradecimentos especiais aos amigos da Overload pela possibilidade de participar de um evento marcante e de altíssimo nível como esse.

(Texto: Pedro Pirani; Fotos: Pri Secco)