Uriah Heep em São Paulo: review e galeria de fotos

10/12/2023
Tokio Marine Hall, São Paulo-SP

Em mais um final de semana de peso na cidade de São Paulo, onde recebemos o ex-Beatle Paul McCartney, outra lenda inglesa desfilou toda classe e poder acumulados em mais de 50 anos de estrada, o titã Uriah Heep. 

O bom e velho Uriah Heep foi formado em Londres em 1969 e desde então se tornou uma das mais influentes bandas da história do hard rock, classic rock e heavy metal. O grupo que já contou com membros do quilate de David Byron (vocal), Ken Hensley e também Lee Kerslake (bateria), hoje tem em sua formação o membro fundador Mick Box (guitarra), o vocalista Bernie Shaw (ex Praying Mantis), Phil Lanzon (teclados), o baixista Davey Rimmer e o baterista Russel Gilbrook. 

A banda não se apresentava em terras brasileiras desde 2014, o que deixou os fãs sedentos pelo retorno ao nosso país. Em uma tarde fria em São Paulo seguimos para o excelente Tokio Marine Hall com as melhores expectativas baseando-se no set apresentado nas datas anteriores da tour que passou também por Peru, Chile e Curitiba. 

 

O clima anterior a um show de rock é sempre algo mágico, encontrar os amigos na fila, rever o pessoal de outras cidades, aquela cerveja para entrar animado é um ritual único. Adentrando a casa, o público foi chegando e encheu as dependências e por volta das 20h as luzes se apagam e o Uriah Heep entra com o pé na porta ao som de “Grazed by heaven” do álbum “Living The Dream”, de 2018, excelente som para abrirem o show em altíssima voltagem. 

Emendaram com outra do mesmo disco – “Take Away my soul” – e desde esse começo deu para sentir o quanto a banda soa pesada ao vivo, brutal. O primeiro clássico já veio em seguida, “Traveller in time” do emblemático disco de 1972 “Demons And Wizards”, sem baixar a pegada explodiu “Between Two words” e aqui ficou claro o quanto Bernie Shaw canta, voz potente com muita interpretação e carisma, e falando em carisma, isso é uma marca nítida em todo o grupo, durante todo o show todos os membros tocam sorrindo, gesticulando, com o rosto sempre esbanjando alegria e desejo de estar ali no palco, cada integrante demonstra muito prazer em estar ali apresentando sua arte, muita banda deveria sentar e ter uma aula de palco com estes mestres. 

E não tem como não falar da presença e não prestar reverências ao senhor Mick Box, no auge de seus 76 anos, que esbanja uma energia incrível, fazendo seus gestos característicos e se conectando com sua guitarra como poucos na história, demonstrando uma simpatia poucas vezes vista, nos abençoando com a magia de suas cordas, uma experiência inesquecível.

 Seguimos a noite com a maravilhosa “Stealin'” seguida de “Too scared to run” e outro clássico para matar os velhos fãs de alegria “Rainbow demon”. “Sweet Lorraine” e “Free And easy” seguiram mantendo a animação em nível máximo. Outra que o público esperava e foi certeira “Gypsy” de 1970, “Look at yourself” e a belíssima “July Morning” mostraram o quanto a banda estava a vontade e afiada. 

Então todos entraram em estado de êxtase quanto tocaram a última antes do bis, “Lady in Black” o mega hit de seu segundo disco “Salisbury” de 1971. Todos presentes cantaram a melodia dessa obra prima. Que momento, que momento! 

Após uma breve saída do palco, retornam com a canção que com certeza toca no paraíso quando partirmos dessa terra, a espetacular “Sunrise”, essa foi uma mostra de como a banda soa mais pesada e forte ao vivo, com destaque para o baterista Russel Gilbrook, que como todo baterista de rock que sabe o certo a se fazer, toca sem dó, descendo a marreta em seu kit. 

Então são anunciados os convidados especiais, Katia Pardini da banda Firefly, nos vocais e o guitarrista Marcelo Frisone, atual Made In Brazil para tocarem a obrigatória “Easy livin'”, fechando assim essa celebração a um ícone do rock mundial, uma banda que mesmo após 54 anos de sua formação, está em altíssima forma, entregando um show espetacular que com certeza fez todos sentirem orgulho de poderem presenciar o que é um show em sua descrição mais perfeita. Que voltem o quanto antes!

Por Jean Praelii; Fotos: Leandro Almeida