Review e galeria de fotos: Lynyrd Skynyrd em São Paulo

22/9/2023 – Espaço Unimed, São Paulo/SP

Apesar de todas as mudanças na nossa sociedade atual, uma coisa ainda permanece intacta: a paixão do público pelo bom e velho rock clássico. Uma prova incontestável dessa afirmação foi a vinda da lendária banda de southern rock americana Lynyrd Skynyrd ao Brasil, matando a saudade dos velhos e novos fãs, que não a viram em nosso território desde a última vinda em 2011.

Em uma sexta-feira de muito calor na cidade de São Paulo, a noite foi chegando e com ela esquentando a expectativa de assistir aos veteranos de Jacksonville, Flórida, em sua tour que celebra os 50 anos de história. O lugar escolhido para essa celebração foi o ótimo Espaço Unimed, que tem uma excelente localização, com facilidade de acesso, ótima estrutura e é um lugar com grande capacidade de público – que lotou a casa.

Por volta das 22h se inicia nos telões (ao som de “Thunderstruck”, do AC/DC!!) um vídeo mostrando imagens de um jovem em uma loja de discos, olhando vários álbuns clássicos e se deparando com um LP do Lynyrd Skynyrd. Com isso, várias imagens da banda em seus longos anos de estrada começam a passar e então a banda surge no palco, para o delírio dos presentes, detonando “Workin’ for MCA”, música que consta no álbum “Second helping” de 1974.

Já neste momento o jogo estava ganho, uma banda entrosada e a vontade no palco, competentes ao extremo, com um poderio bélico de quem tem toda a bagagem de décadas na estrada árdua do rock.

 

Todos no grupo têm ótima presença de palco. Johnny Van Zant é um vocalista espetacular e comanda o time como um genuíno frontman deve fazer. A chuva de clássicos seguiu inundando o espaço Unimed e na sequência vieram “Skynyrd nation”, “What’s your name”, “That’s smell”,”I know a little”, a festeira “Whisky rock-a-roller” e “Saturday night especial. A qualidade de som da casa estava ótima, o palco brilhava com os belíssimos telões mostrando toda a classe destes ícones americanos.

O show seguiu com a lindíssima “The balada of Curtis Low”, que deixou todos emocionados. E por falar em emoção, Gary Rossington, o último integrante da formação clássica dos anos 70, que faleceu em março deste ano, foi homenageado durante a execução de “Tuesday’s Gone”. Realmente de fazer qualquer um ir às lágrimas ao ver suas imagens serem reproduzidas nos telões, com cenas dele na estrada, na ativa com a banda, com a família, bastidores etc… Lindo!

Após a execução de “Gimme back my bullets”, veio o que pra mim foi o ponto alto do evento: Johnny Van Zant percebeu um cartaz no meio do público, onde dizia em inglês, que alguém da plateia queria subir ao palco e cantar uma música com a banda. Então Johnny chama esse fã ao palco, e simplesmente esse fã era ninguém menos que Nando Fernandes, que está na estrada a muito tempo com diversas bandas e hoje canta com o Sinistra, grande banda do cenário nacional.

Nando sobe ao palco emocionado, com lágrimas nos olhos e visivelmente realizando um sonho (imagina viver isso!), então simplesmente começam a tocar “Simple Man”, um mega clássico da música mundial. Nando parecia uma criança no palco, dando um show com sua voz potente e afinadíssima, ao mesmo tempo que interagia com os músicos da banda. Ao final discursou sobre aquele momento e disse que acompanhava e divulgava essa que era sua banda favorita desde os anos 70. Realmente uma surpresa que valeu a noite.

Depois desse momento sensacional, voltaram com mais uma de seu primeiro disco de 1973, ”Gimme three steps”, na sequência veio “Call me The breeze”, cover de JJ Call. Não tem como falar de Lynyrd Skynyrd e não vir à mente o hino supremo “Sweet home Alabama”, qualquer pessoa viva (ou morta) em um raio de 5 quilômetros, com certeza cantou o refrão deste que é um dos sons mais conhecidos da história do rock mundial. Então o telão da casa mostra imagens de velas acesas com os nomes dos integrantes já falecidos nestes anos todos.

Infelizmente o Lynyrd Skynyrd carrega a marca de uma das maiores tragédias acontecidas na música, com o acidente aéreo ocorrido em meio a turnê do disco “Streets survivors” em 1977, que vitimou seis pessoas, incluindo integrantes da banda e membros da equipe, e que fez com que o grupo ficasse dez anos fora de atividade.

Para coroar essa bela noite não poderia ser melhor do que fecharem com “Free Bird” obra-prima que hoje é um hino para os fãs de boa música, seguindo com as homenagens históricas. A voz foi compartilhada entre Johnny e uma gravação de seu irmão Ronnie Van Zant (morto no acidente aéreo de 1977) que aparecia nos telões com imagens da época em que fez parte da banda nos anos 70. Foi de chorar novamente. Essa música tem um final grandioso com as guitarras brilhando em um ritmo mais acelerado repleto de solos flamejantes. O final perfeito!

Realmente foi uma noite histórica, emocionante e repleta de surpresas e homenagens, digna da maior banda de southern rock do mundo. Se essa passagem (que também contou com uma apresentação no Rodeio de Jaguariúna-SP) foi o ponto final da banda em shows no Brasil, não sabemos, mas quem presenciou o espetáculo, sabe que fez parte de um pedaço importantíssimo da história do rock por uma noite. Vida longa ao gigantesco Lynyrd Skynyrd!

Por Jean Praelii; Fotos: Leandro Almeida