Review do Samsung Best of Blues & Rock Festival

 

15/7/2022
Parque Farroupilha, Porto Alegre-RS

Uma tarde para lá de nebulosa, com chuva muito acima da média, o que comprometeria todo o planejamento para o festival, visto que o mesmo estava marcado em um dos mais belos parques da capital gaúcha (o Parque Farroupilha, também conhecido como Parque da Redenção). 

Mas eis que os deuses que protegem a música de qualidade entram em cena e, de uma hora para outra, a chuva cessa, e o que era um pequeno público, de repente se transforma em um aglomerado de fans ávidos por verem o velho Joe Perry.

Para abrir a noite, foi escalado o artista local Ocaradometal, que tem um número razoável de seguidores no seu canal do YouTube e explora muito bem as mídias sociais. No palco, a clássica formação baixo-guitarra-bateria, e no repertório, entre uma e outra autoral, tocaram Rage Against The Machine, Sepultura, Death e Black Sabbath. 

Em seguida, foi a vez do guitarrista Yohan Kisser. Bastante conhecido por ser filho do guitarrista do Sepultura Andreas Kisser, Yohan demonstrou qualidade e determinação para atingir uma maturidade musical. Uma apresentação bastante técnica, onde ele ora está no teclado, ora está na guitarra e também no violão. 

Um detalhe é que além de baixo e bateria, ele completou a banda com um duo de sopro (sax e clarinete) e violino, o que trouxe uma sonoridade muito interessante para os arranjos. No repertório, pouco material autoral e muitas e ótimas releituras de Wagner, Hermeto Pasqual, Rush, Wagner Tiso/Som Imaginário entre outras que impressionou a todos. 

Depois de um tempo maior para a troca de palco, eis que surge ali, na frente e a poucos metros de todos nós, a lenda Joe Perry, pela primeira vez em Porto Alegre. Acompanhado de ótimos e talentosos músicos (Buck Johnson nos teclados, Chris Wyse no baixo e Jason Sutter na bateria) e principalmente pelo excelente e performático Gary Cherone (ex-Extreme, e que dividiu as atenções com o guitarrista), Perry estava muito à vontade, e mostrou por que é cultuado mundo afora como um dos grandes baluartes do Rock n Roll mundial. 

Tocou e (en)cantou alguns clássicos do Aerosmith (Toys In The Attic, Train Kept A Rollin’, Walk This Way com Talk Box e tudo), mas também passou por clássicos do blues e do Rock, e músicas do seu próprio projeto (com o perdão da redundância). E surpreendeu muita gente tocando Whole Lotta Love do Led Zeppelin. Enfim, uma aula de Rock n Roll, de Blues, de música, de amor pelo que faz e de longevidade. 

E tudo isso com entrada franca, sem custo nenhum para o público. Um belíssimo espetáculo.

(Texto: Flávio Soares / Fotos: Aline Jechow)