Review e galeria de fotos: Festival Hellfest 2023

Hellfest 2023
Local: Clisson, França
Datas: 15, 16, 17 & 18/06/2023

O Hellfest finalizou a edição de 2023 com um novo perfil ou melhor, novas configurações, distribuições, posicionamento de palco, ampliou alguns hectares e adicionou um dia a mais.  Bem, no calendario é um dia à mais porém na pratica é uma meia jornada.   Para quem já esteve por lá e conhece a geografia do evento irá se identificar.   

O espaço em que recebia o palco Valley agora recebe o chamado The Sanctuary, local destinado à venda do merchandising oficial do evento, com filas melhores organizadas e, ainda que populosas, o tempo de espera foi positivamente reduzido, dando um fim definitivo no caótico sistema anterior.   

Com a criação do mesmo e uma nova posição para o merchandising oficial das bandas também tivemos reestruturação na saída de área de imprensa.  O Valley não deixou de existir, agora se situa ao lado direito da estatua do Lemmy, uma ampliação que já vinha sendo necessária há alguns anos, como sempre a decoração ficou bem bonita. Outro ponto positivo para os fotógrafos foi a inclusão do Photopass diretamente numa pulseira eletrônica, eliminando assim aquele enorme “crachá” adesivo pendurado no pescoço.   Também tivemos varias fontes de agua potável disponíveis no evento.   

O cashless é aceito para tudo, comida, bebida e mesmo o merchandising oficial, melhor dizendo, só se compra o Merch com o cashless ou cartão, dinheiro vivo ali deixou de existir. Como nem tudo é um mar de rosas também tivemos pontos negativos.  O que mais nos chama atenção e já é um problema crônico do evento, a saída do mesmo.  

Segundo os números divulgados circularam pelo recinto em torno de 250.000 pessoas nos quatro dias de evento e dentro de uma matemática lógica nos leva a uma média de 60.000 pessoas por dia.  A saída do Hellfest equivale a uma rua aonde tranquilamente passar um ônibus ou um caminhão mas que para receber um fluxo de milhares de pessoas saindo ao mesmo tempo essa mesma saída se torna um funil. Outro ponto é o sistema de transporte para a chegada e saída do evento.   

Já não passa nenhum tipo de veículo a um raio de cinco quilômetros do mesmo.  Existem dois enormes estacionamentos que são verdadeiras estações de ônibus e que dali e de maneira gratuita te deixa na porta do Hellfest. Até aí nada negativo porque obviamente as milhares de pessoas chegam ao longo dos dias, em dosagem menores.  

O mesmo não podemos dizer na hora do retorno pra casa mas temos certeza que os organizadores farão novos ajustes. Vamos ao que interessa.

Dia 01 – 15/06/2023

Como foi dito anteriormente o Hellfest adicionou um quarto dia a seu calendário.  Que na verdade, não é um dia completo já que por ali o shows começam às 10h30 da manhã.  O primeiro dia de evento teve inicio às quatro da tarde e obviamente com menos horas de atividade uma menor quantidade de bandas estiveram presente. 

Mas isso não quer dizer que tenha sido menos intenso ou que as bandas da quinta-feira foram menores.  Abrimos os trabalhos com Generation Sex que é a fusão entre as bandas Generation X e Sex Pistols, um projeto liderado por Billy Idol e Steve Jones.  As músicas de ambas bandas em novas versões que faz jus a já mencionada fusão.  

Outra coisa que faz justiça e já não sabemos se foi de propósito ou por falta de ensaio, algumas músicas foram nitidamente mal tocadas e até mesmo tiveram que parar e voltar a tocar como em Pretty Vacant.  Não importa, ver a Billy Idol cantar “Problems” e “God Save The Queen” e a Steve Jones junto a Paul Cook martelando “Ready Steady Go” e “Dancing With Myself” e como “Wild Youth” é o casamento perfeito entre ambas bandas.  Foi destruidor, deixa errarem, se não for assim não é Sex. 

Nem arredamos pé do Main Stage, Na sequência tivemos os suecos do In Flames, banda habitual no Festival e conta com grande público. Chegaram ao festival com material fresquinho de baixo do braço, o disco Foregone e do mesmo tocaram “Foregore Pt.1″ e “State of Slow Decay”.   De discos passados podemos destacar “The Great Deceiver”, responsável por abrir o set e “Darker Times” que segundo a banda, a mesma não era tocada ao vivo desde 2017.   Também nas redondezas tivemos uma nova visita do Hollywood Vampires e o desfile de estrelas.  

Os mais ortodoxos podem até torcerem o nariz mas a grande verdade é que com esse time, Alice Cooper no vocal e Joe Perry em uma das guitarras, tendo a Tommy Henriksen na outra e com músicos de apoio pra já de manjados, não há erro.  É um bom show de rock com musicas próprias e covers em sua grande maioria das outras bandas (famosas) de seus integrantes.  Com direito a Johnny Depp mandando muito bem nos vocais.   A piada do dia fica por conta dos responsáveis pela transmissão no telão e boa parte dos fotógrafos que não paravam de exibir Henriksen, muito mais caracterizado a um pirata caribenho do que Depp, deixando o astro de Hollywood livre de “perseguição”.  

Depp levou e muito bem o cover “Héroes” de Bowie, o astro esbanja talento.  Com “Schools Out” e “Kick Out The Jams” encerraram apresentação.  Architects, Dark Funeral, Behemoth e Amenra fizeram shows demolidores dentro de seus respectivos estilos mas a tarde / noite já tinha dono e pelas caras pintadas espalhadas pelo recinto e se aglomerando diante do palco principal não foi difícil adivinhar que o Kiss estaria a ponto de entrar em cena. Kiss é uma banda amada por quase todos na face da terra e mesmo para os menos fãs, assistir ao quarteto no palco é ter direito a um espetáculo dentro de outro, é o casamento perfeito de um festival como o Hellfest, que investe no visual com uma banda que sem o visual não teria um impacto tão à altura por tanto tempo apesar de que suas músicas são clássicos atemporais.  

Uma vez que “Detroit Rock City” dá o tiro de partida no setlist, com a banda descendo numa plataforma e chamas nas extremidades do palco além de estatuas gigantes ao lado do mesmo, descobrimos que o Kiss sempre esteve conosco, seja direta ou indiretamente.  Na sequencia tivemos “Shout Out Loud” e a emoção do publico (de várias idades) era visível.  Com os acordes de “I Love It Loud” viajamos no tempo até o primeiro Rock in Rio e voltamos a assistir àqueles que (na época) eram considerados macabros. Com “God Of Thunder” Gene dá seu show à parte, os membros tocam em plataformas individuais e cada uma destas tem um telão de alta definição, são coisas que só podem serem vistas num show (espetáculo) desse nivel e com o orçamento que a mesma dispõe.  Estar no show da banda é e sempre será, até que de verdade acabem, uma diversão sem limites.   Primeiro dia superado.

 

Dia 02 – 16/06/2023

Existe algo a mencionar em nossa resenha.  Nosso fotógrafo que também é um dos redatores desse texto, sofreu uma lesão no joelho pouco antes de embarcar para o festival.  Dessa maneira é óbvio que nossa cobertura foi muito mais seleta do que em anos anteriores, nas quais cobríamos distâncias maiores.   Nosso primeiro pitstop foi no palco Altar e por lá os americanos do Full Of Hell desceram a madeira com temas como “Halogen Bulb” e “Digital Prison”, uma sequência pesada, gritada, urrada, apto para poucos.  Mais adiante uma lenda do Street Punk se apresentava no palco Warzone, o Cockney Rejects.  

Com mais de quatro décadas na estrada, o quarteto britânico e torcedores fanáticos do West Ham, anunciaram sua despedida dos palcos e uma destas apresentações já pode ter entrado para a historia da banda.  Uma multidão compareceu para curtir temas como “Fighting in the Streets”, “Paper Tiger” e “West End” e a inconfundível maneira de se movimentar no palco  de Stinky Turner, boxeando até o final.   

Enquanto os Rejects tocavam para uma multidão o Skid Row desfilava alguns clássicos no palco principal tocando “Slave To The Grind” já de cara e seguindo com “Big Guns” e “18 and Life”. Mesmo sem Sebastian Bach no vocal o publico vibrou. Sabíamos que o Altar seria parada obrigatória em quase todo o festival e por ali estiveram os belgas do Aborted despejando seu Death Metal de maneira brutal com “ManiaCult” e “Cadaverous Banquete”.  

E do Death passamos para o Black Metal com 1349.  Caras maquiadas, luzes vermelhas, guitarrista literalmente cuspindo fogo e “Sculptor Of Flesh” maltratando tudo junto a “Slaves”, um bom set.   Alem deles Greg Puciato e Para Roach dividiam horarios no Valley e no Main 02 respectivamente.  Não muito tempo depois optamos pelo Def Lepard e um setlist que bem poderia (se já não é) seu Top 10 na carreira e “Hysteria”, “Pour Some Sugar on Me”, “Photograph” e “Love Bites” se fizeram presente.  De lá tentamos chegar no Warzone para o show da banda de Celtic Punk, Flogging Molly e foi impossível.  

A cada edição temos episódios parecidos, houve uma vez no ano de 2015 em que colocaram o Body Count para tocar lá.  Era a primeira visita de Ice-T no evento e aquilo foi uma loucura assim como já aconteceu com o Clutch e o Baroness no Valley.  Quem está dentro não consegue sair e quem está fora não consegue entrar, lotadíssimo.  

O estilo Celtic é muito popular entre os europeus e bandas do estilo são verdadeiros fenômenos.  Nos restou ter paciencia e esperar o show do Rancid. A banda de São Francisco chegou apresentando material novo, o recém lançado Tomorrow Never Comes e abriram com a musica de intitula o álbum.  Mas o que o publico queria realmente era escutar os clássicos e daí vieram temas como “Side Kick”, “Maxwell Murder” e “Old Friend”.  Temas não tão antigos assim como “Fall Back Down” e “Ghost Of a Chance” também fizeram parte do repertório. Encerraram set com “Time Bomb” e “Ruby Soho”, quase nada.   Nós também em encerramos nossas atividades para esse dia.

Dia 03 – 17/06/2023

Milagrosamente e de bengala alcançávamos a metade do festival.  Nossa primeira parada foi no palco Warzone junto a jovem banda Zulu.  Não se deixe enganar pelas aparências, o quarteto não economizou energia e em seu rápido set deu conta do recado com “Where I’m From” e “52 Fatal Strikes”.  

Caminhamos um pouco para o lado e chegamos ao Valley para conferir de perto a apresentação do King Buffalo, banda que, segundo o Gastão Moreira, lançou uma das músicas do ano pertencente ao disco Regenerator e justamente desse álbum estiveram presentes no set “Mammoth” e “Firmament” um bom show de rock com pitadas de stoner, sem carregar muito. 

De volta ao palco principal tivemos a oportunidade de conferir um pouco do show do Arch Enemy, uma banda que passa habitualmente pelo festival e nunca decepciona.  Mas quem não deixou pedra sobre pedra foi o Pro-Pain.   A mesma chegou a ter um bom destaque nos idos anos 90 para depois desaparecer.  

A última visita da banda no Hellfest foi em 2014 e exatamente por ser um fato raro não queríamos perder.  Fizeram um show demolidor e temas como “Unrestrained” e “Deathwish”, talvez tenha sido um dos shows mais pesados da edição no que nos referimos a esse hardcore / metal, popularizado por muitas bandas modernas mas com a essência do proprio Pro-Pain, que a mantem intacta.  

Uma grande pena que o Stray From The Path coincidiu com o Iron Maiden, assim que nossa equipe se dividiu.  Uma parte foi para o Warzone conferir o que o quarteto iria provocar num publico mais jovem e a outra parte foi assistir ao clássico Maiden.  No Warzone, parte do publico que ainda saboreava o show do Pro-Pain não deixou nem o sangue esfriar e jogou tudo pro alto com “Needfull Things” e “May You Live Forever”. No palco principal os britânicos chegavam ao festival com o The Future Past Tour e assim como foi descrito no Kiss, estar em shows desse porte é uma beleza também para os olhos.   

Um cenário que fez referencia ao disco Somewhere In Time, Dickinson com uns óculos escuros de acordo com a ocasião, Steve Harris exibindo as cores do campeão da Conference League (West Ham), Janick Gers jogando perna para o alto (apesar da idade) enquanto Dave Murray e Adrian Smith caprichavam nos riffs com McBrain na cozinha.  Clássicos não faltaram com “The Prisoner” ou “The Trooper”.  Já do disco que compôs o cenário e parte do tema da turnê tivemos “Heaven Can Wait” já na metade da apresentação e “Caught Somewhere in Time” e “Stranger in a Strange Land” na abertura.   Sim, tivemos a Eddie justamente na musica anteriormente citada, sua versão Cowboy / Cyborg, apareceu rápido, ameaçador e logo se retirou.   

A banda apresenta uma excelente forma e o Maiden continua a sendo o show a ser visto.  O grande finale veio com “Wasted Years” fechando com um tema do álbum que abriu e foi tema para essa apresentação. Engana-se quem acha que encerramos nossas atividades junto a Dickinson y companhia, ainda fizemos um percurso de idas e vindas ao Valley tendo a um Monster Magnet demolidor.  

O Bullgod  (símbolo da banda) não é o Eddie mas também exerce influencia sobre o publico.  Quando dizemos demolidor, é para levar a serio.  “Superjudge”, “Dopes To Infinity” e “Tractor”, que maneira mais absurda de iniciar um show, o novo Valley brilhava.  Já em reta final “Powertrip” e “Space Lord”.  Descemos a ladeira e nos deparamos com o Black Flag (?) e vale a observação.  Quando passaram por Barcelona em Fevereiro deste mesmo ano tiveram um publico bastante animado, já no Hellfest a formação  apresentada pela banda não colou.  O publico não abraçou a causa e talvez não tenha encarado uma banda que somente o guitarrista é peça original (e fundador) da mesma.  

Mike Vallely não caiu nas graças da galera, passou boa parte do set ignorando o publico e até mesmo de costas e somente em algumas musicas mais antigas conseguiram animar.  Começaram até de maneira positiva encaixando alguns classicos como “Nervous Breakdown”, “No Values”, “Gimmie Gimmie Gimmie” e “Six Pack”.  Mas com musicas como “Annihilate This Week” e “Slip It In” o publico deu uma esfriada.  

Veja bem, não foi ruim mas em Barcelona a resposta do publico foi melhor. Tentamos retornar para o Valley e conferir o show do Clutch mas foi impossível, assistimos algo de longe desde a praça da alimentação e dali fomos direto ao Municipal Waste que é definitivamente um dos shows de Thrash / Crossover mais divertidos da atualidade.  

O que nos chamou a atenção foi o fato da banda fechar o sábado no Warzone, palco tipicamente punk / hardcore e com isso a mesma teve uma hora disponível no palco mas com quarenta minutos já queriam finalizar o set, possivelmente pelo habito de sempre tocarem sets curtos. “Demoralizer” do álbum mais recente foi o responsável pela abertura, as divertidas “Breath Grease” e “You’re Cut Off” não ficaram de fora.  Um verdadeiro repasso na discografia de uma banda com vinte anos de estrada e com gás para muito.

Dia 04 – 18/06/2023

Chegamos vivos no quarto e último dia e chegamos cedo para ver os belgas do Schizophrenia.   Não apenas o nome trás a influencia do Sepultura como também o som da rapaziada é de alto nivel, ano passado com Recollections Of The Insane confirmaram expectativas e colocaram o disco entre os melhores do ano.  Ainda bem que o Altar é um palco coberto porque a chuva resolveu aparecer e veio com força.   

Mais adiante e com um campo de lama por diante tivemos a visita do Hatebreed no palco principal, não sei o que pode ser melhor/pior para bandas desse porte, ser atração principal de palcos menores ou ter papel secundario no principal.  A grande verdade é que não decepcionaram e despejaram potencia hardcore com “To The Theshold”, “Destroy Everything”  e mais uma dúzia de temas em 40 minutos.  

Boa visibilidade para um publico maior mas os queremos de volta ao Warzone. Com a ausencia do Exodus, os britânicos do Benediction foram os substitutos ideais para a ocasião e chegaram com o pé na porta com “Interations Of I” do excelente Scriptures lançado em 2020 seguido de “Scriptures in Scarlet” do mesmo disco.  

Não demoraram em atacar de clássicos com “Vision of the Shroud” e “Unfound Mortality”. Já em reta final com “Subconscious Terror” relembrando a fase com Barney Greenway. Susto levamos quando saímos do Altar e vimos no palco principal os espanhóis do Crisix no lugar do Incubus que cancelou de ultima hora.  

Num encontro com o guitarrista no aeroporto o mesmo nos confessou que estavam no evento em atos publicitarios no stand das guitarras ESP quando alguém perguntou se estariam disponíveis para subirem no palco em 45 minutos.  O quarteto não pestanejou e agarrou a oportunidade. Ano passado figuravam no cartaz mas um contagio de Covid do baterista os obrigou a um show improvisado e agora a tão esperada oportunidade foi servida de bandeja.  O publico aplaudiu a escolha do festival e a atitude da banda que com a apresentação entrou no top 5 deste ano, sim há uma eleição anual dos melhores shows.  

A banda é boa, carismática e o guitarrista ainda tocou parte do set junto ao publico. Intenso, rápido, divertido… foram os triunfadores do dia sem nenhuma sombra de duvidas. Mais de um torceu o nariz quando viu no cartaz o nome de Tenacious D mas milhares abriram o sorriso ao ve-lo ali  ofuscando assim o gesto negativo de outros.  

Porém o mais surpreendido de todos foi o proprio Jack Black que ao ver o publico que lhes esperava com avidez ficou entre o sorriso contido e os olhos brilhantes e que com certeza o impulsionou a dar um show memorável e divertido acima de tudo.  Um verdadeiro teatro rock and roll, com direito a “discussões”, “falhas” demonios, fogo, criaturas…. Definitivamente um ponto alto do festival, uma lavada de alma que serviu de combustível para a reta final de evento. Uma pena que o Dark Angel tenha coincidido com o Pantera, dentre todas as coincidências de horarios essa pode ter sido a mais lamentável.  

Phil Anselmo finalmente conseguiu o que queria mesmo que isso tenha sido após a morte dos irmãos Vinnie e Dimebag que aliás, se Vinnie ainda estivesse vivo essa “reunião” jamais teria acontecido.  Podemos chamar de Pantera?  Para quem nunca assistiu a banda pode até ser e definitivamente é a única possibilidade.  

O proprio Anselmo questionou ao publico sobre quantos ali realmente haviam assistido ao quarteto tocarem ao vivo anteriormente e uma minoria o fez (quem vos escreve também).  Essa versão com Charlie Benante do Anthrax e Zakk Wylde nas guitarras é o mais próximo que parte do publico terá e ponto final e, com todo respeito, esses dois personagens que compõe as ausencias já mencionadas são de luxo.  Zakk é um animal, utilizando um jaleco com parches bordados dos irmãos falecidos, e uma guitarra que não sabemos dizer se é alguma do proprio Darrel (ha um galpão com suas guitarras devidamente guardadas) ou se é uma replica. 

Wylde aliás era muito amigo de Darrel, havendo inclusive composto musica e homenageando o amigo em diversas ocasiões.  “New Level”, “Mouth For War” e “Strength Beyond Strength” foram as responsáveis por abrirem o set após uma bandeira gigante com o nome da banda descer da frente do palco mas os clássicos nao pararam por aí. “I’m Broken”, “Five Minutes Alone”, “This Love” e “Walk” foram outras que figuraram na bonita tarde de Clisson. “Cowboys From Hell” fechou o set e nesse momento um de nós (equipe Brigade) já passava por tras do palco com uma “escolta” para chegar ao Main Stage 01 e esperar o Slipknot.  

Nesse caminho ainda vimos Anselmo descer do palco e cruzar na nossa frente. Havia chegado o momento que muitos ali esperavam apesar do Slipknot já haver tocado no festival em até duas ocasiões.  Ainda assim, numa região tão remota, parte do publico, especialmente os mais jovens, não havia tido tal oportunidade.  Assim como o Pantera uma gigante bandeira ocupava a frente do palco mas ficamos com a sensação de que a mesma caiu antes do tempo.  Enfim, quando os mascarados apareceram o publico enlouqueceu como de habito.  

Desta vez a voz de Corey Taylor parecia estar inteira e audível e um setlist com quase duas dezenas de temas incluindo a abertura com “The Blíster Exists” e “The Dying Song” do lançamento mais recente, The End, So Far.  Das mais antigas “Wait and Bleed” e “People = Shit” também em reta final com “Duality” e “Spit It Out” responsável por fechar o set e o festival no palco principal. Caberia uma ultima aventura, enquanto retornávamos da barricada de fotografia passamos diante do Altar e nossos amigos do Testament estavam abrindo o set, foi irresistível e acabamos assistindo parte do show com os clássicos “The New Order” e “The Preacher” e algum tema novo como “Children of the Next Level”.  

Como relatado acima, ainda pegamos o final do Slipknot e em seguida a tradicional queima de fogos e as musicas que indicam as possíveis atrações principais para o próximo ano, AC/DC, Van Halen e Rammstein. Se realmente serão confirmados ou não, fica a duvida.  Os ingressos já começam a serem vendidos na semana que vem.  Todas as informações no site do proprio festival. Apesar da lesão, do calor intenso do segundo dia e da chuva com lama do ultimo, acreditamos termos feito um festival à altura. Fim.

Por Ana Paula Soares; Fotos: Mauricio Melo (Snap Live Shots)