Review e galeria de fotos: Manowar em São Paulo

23/09/2023
Espaço Unimed, São Paulo-SP

Após ter presenciado ao grande show do Lynyrd Skynyrd na noite anterior, finalmente chegou o sábado tão aguardado por mim e outros milhares de fãs. Foram oito anos desde a última passagem do Manowar pelo país. A banda que é conhecida por ter uma legião de fãs extremamente fiéis desde o início da carreira no começo dos anos 1980, estava devendo esse retorno aos seus seguidores sul-americanos.

Desta vez, os reis do metal fizeram uma tour maior pela América do Sul, passando por Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile e Brasil, alguns destes países tendo a oportunidade de ve-los pela primeira vez. Sendo uma tour comemorativa aos 40 anos de estrada dos americanos, foi um baita presente.

A ansiedade era grande, e ao chegar ao Espaço Unimed já dava para sentir o clima de uma grande celebração no ar. Fãs que vieram de todas as partes do país e de outros países confraternizavam em torno do local com muita diversão e entusiasmo. Encontrei muitos amigos de longa data nesse dia.

Com casa cheia e sem demoras, se inicia a intro “March of The heroes Into Valhalla” e então Eric Adams (vocais), Joey DeMaio (baixo) e os novos integrantes, Michael Angelo Batio (guitarras, ex Nitro) e o experiente baterista Dave Chedrick, explodem no palco com o sensacional hino que dá nome ao grupo, “Manowar”. 

Punhos ao ar, gritos, lágrimas, suor e sangue, tudo se misturava e dava a impressão de que estávamos em uma batalha épica em nome do Heavy Metal, e a noite mágica estava apenas começando. Na sequência já emendaram outro clássico indispensável e auto explicativo “Kings of Metal”, e já nesse momento senti algo que faltou nas últimas passagens deles em nossas terras em 2010 e 2015: tudo parecia melhor, a banda estava entrosada, o som muito bem regulado, sem exageros, o palco estava belíssimo, tudo estava como os fãs merecem e esperam de uma banda de tamanha grandeza.

Sem tempo a perder a próxima ofensa aos posers e detratores do metal veio em forma de “Fighting the World”, do disco homônimo de 1987. A plateia dava um show a parte cantando forte junto com a banda, que estava detonando no palco. Na sequência, uma que surpreendeu positivamente foi “Holy War”, também de “Fighting the World”. Tudo seguia perfeito e então mandaram uma das mais recentes “Immortal”.

Em seguida a faixa de abertura de um dos meus discos favoritos, “Call to Arms” de “Warriors of the World”, um verdadeiro chamado ao combate. Neste ponto devemos parar e prestar reverências ao gigantesco Eric Adams, que no auge de seus 71 anos (!!!), esbanja uma forma impressionante cantando em altíssimo nível, afinado e perfeito como em toda sua carreira. Realmente é absurdo vê-lo em ação. Ícone!

Seguindo com a tempestade de clássicos que era despejada em todos presentes o Manowar nos apresenta “Heart of Steel”, composição épica presente em “Kings of Metal”, de 1988. Então na sequência é montada uma segunda bateria no palco, anunciando que vinha surpresa –º e que surpresa meus amigos! Os brasileiros Marcus Castellani, baterista, E.V. Martel, guitarrista, ambos ex-membros do Manowar, se juntaram ao vocalista Cleber Kirchinak, que canta no Kings of Steel, tributo oficial da banda aqui no Brasil, com Joey DeMaio no baixo e executaram o cântico de união de todos os Manowarriors pelo mundo, “Warriors of the World United”, com direito a chuva de papel picado e Eric Adams se juntando ao final. 

Que momento mágico e especial para nós, poder ver 3 brasileiros no palco com o Manowar, foi como se todos estivessem representados ali. Após essa celebração ao Brasil, DeMaio e Michael Angelo fizeram um dueto de baixo e guitarra mostrando toda a técnica e feeling característicos de ambos (mesmo com um pequeno problema técnico inicialmente).

 

A banda inteira retorna ao palco para punir os infiéis, com a obrigatória “Hail And Kill”, música para cantar a plenos pulmões por todos. Na sequência aqueles que ousam tentar denegrir ou diminur as glórias desta instituição do heavy metal, foram mandados diretamente para os quintos dos infernos e sofrerão a tortura eterna, com uma sequência avassaladora que estremeceu as estruturas dos prédios da região, o açoite veio com “The Dawn of Battle”, “King of Kings”, “The Power” e “Fight Until We Die”, todas rápidas, poderosas, energéticas impiedosas e que fizeram (literalmente) as paredes quase virem abaixo. Glorioso!

Para coroar esse momento, Joey DeMaio veio a frente do palco para seu aguardado e famoso discurso já tradicional nos shows do Manowar. Em português, Joey foi direto ao ponto, assim como no Monsters of Rock de 2015, mandou: “Quem não gosta de Manowar, vá se foder!” A platéia foi ao delírio, seguindo com as ofensas para todos aqueles que ousam se levantar a tamanho poder que o Manowar e o heavy metal trazem ao mundo.

Após toda essa chuva de aço fervilhante, veio um balde de água fria, a banda fez um momento bem chato, com uma “homenagem”/piada, para celebrar o aniversário de Manuel Arruda, um membro, também brasileiro, da equipe do grupo. Mostrando imagens e mensagens com um cunho cristão, foi algo realmente desnecessário, e que deveria ter ficado só na piada interna mesmo.

Mas, voltando ao que realmente importa, os reis retornam ao palco para executar com potência máxima, aquela que muitos consideram seu ponto mais magistral e emblemático, “Battle Hymns”, som de encerramento do seu primeiro álbum, lançado em 1982.

Para fechar esse capítulo memorável é tocada a veloz e certeira “Black Wind, Fire And Steel”, essa com seu final apoteótico onde Joey arranca as cordas de seu baixo com as mãos, em uma cena que representa todo o triunfo do aço.

Depois de aproximadamente 2 horas e vinte minutos de espetáculo, chegou ao fim uma apresentação que emocionou os fãs, onde vimos o poder da lenda Manowar, uma banda que sempre representou o que o heavy metal sempre foi: liberdade, diversão, independência e curtição acima de qualquer coisa. Não são todos que têm a dedicação de se manter fiel a mesma ideologia de vida por mais de 40 anos seguidos. O aço triunfou e o Manowar mostrou o motivo de sua majestade!

Por Jean Praelii; Fotos: Jake Owens / Divulgação