Um papo com o Sepultura, ouvindo o novo CD

Quinta-feira, 6 de fevereiro, estúdio Family Mob, São Paulo. Lá está mais uma vez a Rock Brigade presente para a audição de Quadra, o novo álbum do Sepultura, e um bate-papo com a banda. O disco, já cercado com muita expectativa, foi um verdadeiro “baque” para os felizardos presentes. 

Quadra já está disponível em CD no Brasil e também em LP duplo (com 4 lados, 3 músicas em cada um, totalizando 12, de acordo com a proposta da obra) no exterior. E basta uma primeira audição para nos certificarmos que Quadra tem absolutamente tudo para ser um marco divisório na gloriosa história do heavy metal mundial. Não é exagero, não. É tamanho peso, diversidade, performance, produção, temática e letras que dá orgulho para a música brasileira.

Em meio a tanta mediocridade que ouvimos hoje em dia, é um prazer ver um grupo se superar ainda mais e nos presentar com uma obra de tamanho quilate e qualidade soberbas. Como se disse, melhor convidar a todos a ouvirem com vagar para conseguir captar toda a energia e exuberância que o álbum borrifa generosamente para os quatros cantos do Universo. 

Se numa primeira audição a surpresa foi tão extremamente cativante, podemos inferir quantos segredos e nuanças iremos descobrir tendo o privilégio de ouvi-lo muitas outras vezes. A banda se depara diante de saboroso desafio: como escolher algumas dessas 12 pérolas para encaixar no seu já extremamente variado e rico setlist. Tour americana em abril/maio, festivais europeus no meio do ano, headlining tour na Europa em outubro/novembro. Brasil e América Latina a serem visitados, com certeza. 

Parabéns e obrigado a toda a equipe. E também para essa “nossa” banda tão especial, querida e que agora de uma vez por todas chega ao trono dos gigantes da música pesada de todos em tempos! Paulo e Derrick vão milhas acima da maior expectativa positiva, Eloy e Andreas são indubitavelmente tops universais nos seus instrumentos! Verdadeiramente devastador!

Vale lembrar que Quadra teve certa inspiração em Machine Messiah, disco que o Sepultura lançou em 2017 e trouxe elementos inusitados à música do conjunto. 

“Com Quadra, estamos explorando as possibilidades novas que Machine Messiah trouxe”, explicou o guitarrista Andreas Kisser. “O lado A é mais tradicional, thrash metal, que representa o discurso do Sepultura, mas com elementos novos; o B é mais percussivo, com ritmos brasileiros; O C vai um pouco mais além com o violão, mais instrumental como característica geral. É ir um pouco mais além; e o D é aquela coisa mais ‘groovada’, lenta, com melodia. Quadra é uma consequência do crescimento do Sepultura.”

O disco também tem uma participação feminina especial: Emmily Barreto, do Far From Alaska.

O vocal feminino casou muito bem com a voz do Derrick”, defende Kisser. 

O disco foi gravado na Suécia e leva a produção de Jens Bogren, o mesmo do disco anterior. “Trabalhar com Bogren é sensacional. Foi fundamental. O produtor sempre é o quinto elemento da banda dentro do estúdio. Energia 100% dentro do disco”, emppolga-se Kisser. “Ele expandiu a ideia de corais, de coisas de cordas. Foi um disco difícil de fazer, mas estávamos preparados. Bogren também mixou e masterizou o disco.”

São 36 anos de carreira completados agora em 2020. Andreas Kisser (guitarra), Derrick Green (vocal), Paulo Jr. (baixo) e Eloy Casagrande (bateria) celebraram a data com um disco verdadeiramente empolgante. 

(Texto: Antonio Pirani / Fotos da audição: Leandro Almeida / Foto de destaque: Marcos Hermes)