Saxon em São Paulo: review e galeria de fotos

Local: Tokio Marine Hall
Data: 15/11/2023

Quarta feira, feriadão em SP Metal City, em um clima caótico de temperatura elevada (beirando os 40°), e uma tempestade inesperada e de última hora, nesse eterno clima bipolar dessa selva de pedras. Apesar dos imprevistos, o Metal não pode parar, ainda mais nessa que talvez seja a última década (ou infelizmente última chance), de ver essas bandas clássicas, que tiveram início nos anos 70 ou começo dos 80, e que já não são mais as mesmas, seja pelo longo tempo de estrada ou troca constante de integrantes ao longo das décadas, seja pela idade avançada dos membros (em torno dos 70 em média, ora pra mais, ora pra menos), e que a qualquer momento, podem não mais estarem compartilhando a magia da arte que os fizeram grandes um dia, em cima dos palcos executando suas obras, nos entretendo e nos dando até um sentido a mais em nossas existências. 

Sintetizando em poucas palavras: qualquer show daqui pra frente, quando se trata das bandas clássicas, é simplesmente imperdível! Agora vamos ao show. 

Em mais um evento da já consagrada produtora Top Link, ele ocorreu na luxuosa casa Tokio Marine Hall, na zona sul de São Paulo, que provou ser uma das melhores casas atuais para shows do tipo, tanto na estrutura, como na localização (próxima a estação de trem João Dias: 5 minutos andando), além da qualidade sonora e dois supertelões de ambos os lados do palco, para melhor visibilidade de todos, em um ambiente arejado, apesar do calor sobre humano que fazia no dia. 

A abertura do evento ficou a cargo dos americanos do Madzilla, que entrou no palco por volta das 19:15. O quarteto de Las Vegas cativou todo o público presente com seu Heavy Metal moderno, transitando pelo Thrash melódico às vezes, porém, muito bem executado, e com o carismático vocalista (também guitarrista), provavelmente de origem latina, e que entre uma música e outra, interagia com o público se comunicando em português. 

A banda fez um show competente e bem profissional, que foi até as 20:00 agradando a todos presentes, com destaque para o baterista da banda. Uma pequena pausa para o respiro e para os presentes se hidratarem com o calor que não cessava, e aproveitando o eterno clima de confraternização que só um show de Heavy Metal nos proporciona. 

Acompanho o Saxon desde aquela lendária primeira vez que a banda veio para o Brasil por volta de 1997, naquele inesquecível show no antigo Palace em Moema, com o Biff rasgando o set list no final da apresentação, e prolongando a mesma a madrugada toda, quem estava lá sabe o quanto aquilo foi marcante e inesquecível na memória de todos os presentes. 

Então a expectativa para esse show não era outra a não ser grandiosa, quando se trata de Saxon. Com a casa cheia e a polêmica Pista Premium ocupando metade do lugar, eis que então, por volta das 20:48, a águia inglesa anglo saxônica pousa em terras brasileiras. 

A banda, que na noite anterior havia se apresentado em Curitiba (PR), está em sua turnê “Seize the day world tour 2023”, num total de 7 datas pela américa do sul, rumo ao México na sequência, divulgando seu último álbum “More inspirations”, só de regravações de clássicos da música pesada, além de seu último full length de músicas próprias “Carpe Diem”, de 2022, iniciando o show, com a faixa título. 

 

Dando sequência vieram aos mais que clássicos da banda, que solidificaram a carreira da mesma ao longo desses 45 anos de carreira, e forjaram o nome Saxon na história do Metal para todo o sempre. “Motorcycle Man”, faixa que abre o clássico álbum “Wheels of Steel” de 1980, e que levou todos os Headbangers presentes ao delírio. Passando pela nova “Age of Steam”, e revisitando o passado com a não menos clássica “Power and the Glory”, com a galera indo ao limite da insanidade e jogando seus coletes com patches em cima do palco, em total devoção ao Metal God “Biff Byford”, que em seus mais de 70 anos, ainda prova que é feito de aço, e continua inabalável, e ainda no auge, apesar da idade. 

Provavelmente um dos momentos mais mágicos do show, esse, onde o carismático vocalista, pegou todos os coletes arremessados ao palco, e distribuiu para os 2 guitarristas vestirem durante o show, além dele próprio, ostentando as vestes, como símbolos de uma geração e de triunfo, mostrando a todos, que nem o calor infernal que fazia no dia, era capaz de parar a águia inglesa. 

Devidamente uniformizados, a banda segue seu set com “Dambusters”, do álbum “Carpe Diem”. O baixo pulsante do energético Nibbs Carter somado a bateria certeira do veterano Nigel Glockler, davam todo o peso ao show, entre guitarras ultra entrosadas que disparavam riffs metálicos, feitos por quem realmente viveu na prática, o período dourado do Heavy Metal. 

Confesso que ver pessoalmente ali em cima do palco, a lenda do Diamond Head, Brian Tatler, fazendo parceria com o já lendário Doug Scarratt, nas guitarras, foi um show, e também uma emoção a parte para este que vos escreve. Emocionante! 

Além de ser um raro exemplo, de banda já consagrada que colocou um gigante no lugar de outro, quando o guitarrista original da banda Paul Quinn, resolveu tirar umas férias prolongadas (pelo menos de shows), e provavelmente sem prazo de volta. Acertaram em cheio na escolha do substituto! Um gigante que influenciou gigantes, e continua influenciando. 

“Dallas 1 p.m.”, do clássico “Strong arm of the law” de 1980, mantém a adrenalina a mil, do público ensandecido por mais Heavy Metal inglês raiz, e a banda atendendo o pedido do mesmo com a nostálgica “Heavy Metal Thunder”, trazendo de volta o espírito imortal da NWOBHM, e levando todos presentes ao delírio, com seu refrão mais que marcante. Uma verdadeira ode ao poder do Heavy Metal. 

Passando por “Sacrifice”, do álbum de mesmo nome de 2013 e voltando ao passado com o épico “Crusader”, um dos pontos altos não só do show, como da carreira da banda. Um verdadeiro épico, do Metal genuíno. Cantada por todos presentes em uníssono. Um dos maiores hinos da história do Heavy Metal, do álbum de mesmo nome de 1984. 

O renomado vocalista italiano Fabio Lione (Angra, Raphsody,Vision Divine), é convidado ao palco e se comunica em português com a galera, anunciando o hit de Christopher Cross, eternizado na versão do Saxon, para a música “Ride like the Wind”, cantando junto com a banda, e emocionando todos os presentes, mostrando que é um dos melhores vocalistas da atualidade. 

Terminada a música, levando todos ao delírio, com o público entoando os famosos coros de torcida, muito populares aqui no Brasil, com todos exaltando com o coração e alma o nome da banda, bem alto. Seguem com “Dogs of War”, “Solid Ball of Rock”, “And the bands played on” e “Never Surrender”, fazendo um apanhado geral da carreira da banda, e de todas as fases e épocas. 

O que não faltaram foram hits nesse show, dando sequência a “Wheels of Steel”, do álbum homônimo, uma das bíblias do Heavy Metal inglês e emendando com “The Pilgrimage” e “747 (Strangers in the night)”, com uma rápida aparição, quase que despercebida ao palco, de Tim “Ripper” Owens (ex-Judas Priest). 

“Denim and Leather” é executada, com o Biff devolvendo os coletes para seus respectivos donos, após batizá-los durante o show, com o suor dos deuses do aço. 

E então é chegado o grande momento, “Princess of the Night”, talvez o maior hino da banda. Um clássico do Heavy Metal mundial, cantada por todos, e emocionando o corpo mais quente, e em ebulição, naquela altura do show, levantando até quem já estava destruído pelo calor. 

Com o público pedindo incessantemente “one more song… one more song… one more song”, a banda volta para o “Gran Finale”, fazendo um bis com “Strong arm of the law”, encerrando assim, em quase 2 horas de espetáculo, uma noite mais que memorável em solo tupiniquim, abençoado pelo pouso rasante da águia anglosaxônica!

Por Igor Lopes; Fotos: Leandro Almeida