Moonspell fez Carioca Club tremer em SP

Carioca Club, SP 26.04.2018

Essa é a sexta passagem da banda MOONSPELL pelo Brasil, para quem já foi a um show deles, sabe quão intensa é a carga emocional despejada pela banda na execução de cada música sobre seu público, sua alcateia estabilizada há anos contando com Mike Gaspar na bateria, Pedro Paixão nos teclados, Ricardo Amorim nas guitarras, Don Aires no baixo e Fernando Ribeiro nos vocais, não há como negar a força musical que reúne esse grupo e os mantém unidos, o entrosamento e a química musical é perfeita, sem egos, um instrumento completa o outro de forma  equilibrada.

Essa tour do novo álbum 1755 trazida à São Paulo pela Overload,  foi uma experiência única aos presentes, com uma bela produção que envolvia desde o básico, que foi a equalização do som fazendo honra ao disco e ao vivo, não havendo nenhum problema técnico de sonorização, além da excelente iluminação que dava mais ênfase nas famosas pausas e alternâncias de ritmos, dando ainda um clima e a atmosfera perfeita para que combinado ao belo backdrop nos levasse para dentro da história contada e cantada por Fernando, este cantor tem a cada álbum se superado, principalmente em sua dramatização e performance o que envolve ainda mais a plateia.

Pontualmente às 21h as luzes se apagaram e junto a iluminação azul, adentra Mike em sua bateria, Pedro Paixão nos teclados, com um chapéu de época que remete ao século 18 e Fernando também de chapéu, mas portando um candieiro apontando para todos os olhares e mostrando a eles “Em nome do Medo”, em sua versão atual refeita para 1755, a forma sombria com que esta introduz a história já nos deixou arrepiados, entre sussurros iniciais da música em sua forma crescente o público cantou de forma uníssona até a explosão do refrão com as guitarras do Ricardo e o baixo do Aires.

Após uma calorosa e estrondosa recepção do público respondendo a introdução seguida de um “Boa noite São Paulo!”, veio a “1755”, faixa título do novo álbum, com seus corais, até a sua batida rápida e a caída de tempo novamente para o refrão cantado em coro por todo o público presente “Não, Não deixará, pedra sobre pedra…”, embora não tivesse um derbaquista solando como na versão do disco,  ainda assim a parte oriental ficou fenomenal e Ricardo não deixou a emoção cair, como se não bastasse, vieram com a sequência absolutamente matadora,  “In tremor dei”  e “Desastre”.

Iniciando um revival, veio a não menos pesada e a qual ainda me lembra um pouco do projeto Daemonarch, a devastadora “Night eternal”,  Fernando Ribeiro então relembra 1995 com clássico do Gothic Metal mundial  Irreligious, trazendo o bumbo duplo e alternado que marca a pesada “Opium” com a belíssima “Awake”, voltando a 1755 com “Ruinas”.

Novamente a banda volta a surpreender com uma das músicas mais belas de seus últimos lançamentos, “Breath”, seguida do refrão anunciador de  “Extinct”, seguindo a linha da extinção e criando um link  com “Evento”, contendo o refrão poderoso “Sossega-te, é o fim e fica quieto, porque Deus, assim quis”. Que música! Citando a visão religiosa sobre os desastres naturais, incluindo ainda “Todos os santos” qual também afronta a posição e visão da igreja sobre os acontecimentos desastrosos e naturais, “Todos os santos não chegaram”, ou seja, nenhum dos santos foram capazes de intervir ao desastre natural. Performance da banda manteve o show em uma crescente, do início ao fim.

Fernando volta ao palco vestido como uma personagem do filme “Entrevista com o Vampiro” e assim inicia “Vampiria” do clássico absoluto “Wolfheart”. O público foi ao êxtase, não bastante, iniciaram o hino “Alma mater”, para surpresa de todos, Fernando Ribeiro pulou no meio da platéia para que o público cantasse junto o refrão “virando as costas ao mundo, orgulhosamente sós..”  no qual este quem vos escreve,  mais uma vez tive a emoção de cantar junto com ele (em 2010 na tour do Night Eternal fui chamado ao palco para cantar junto o refrão da Alma Mater), emoção total para mim e para todos os fãs que estavam próximos do seu ídolo cantando junto, o carisma do Fernando Ribeiro, humildade e talento, é para ficar na memória eterna dos fãs.

Veio então a música que assim que foi anunciada como cover para 1755, muitos torceram o nariz ou questionaram “Paralamas do Sucesso?!” apesar de ainda ser uma homenagem ao nosso país , mas muitos fãs de Metal questionaram, mas  após ouvir essa versão e visualizá-la dentro do contexto e conceito do álbum, passa-se a entender a visão de um artista visionário como o Fernando Ribeiro, no caso representando todos da banda,  de que a arte não tem limites, e todos se emocionaram e puderam cantar juntos essa que se tornou uma das músicas até mais fortes do álbum fechando toda a história de forma fabulosa.

Após a banda deixar o palco, muitos achavam que o show havia acabado e começaram a chamar em coro pela banda, minutos depois retornam com outro clássico, do livro/disco  “antidote” trouxeram a “everything invaded” e a platéia cantou junto com força e em plenos pulmões, mas ainda veio a bela “Scorpion flower” do Night eternal qual desta vez contou somente com os vocais da Annke pré-gravados e backings do guitarrista Ricardo.

Surpreendentemente, a banda resolve incluir no setlist a mágica canção folk e Metal “Ataegina” qual a animou alguns dançarem e ainda guiados pelas palmas do Fernando. Para encerrar de forma perfeita, uma música que simboliza toda o espírito de lobos que envolve a banda, cantando de forma única junto ao público “Fullmoon Madness”  e assim os nossos irmãos Portugueses se despediram de São Paulo e partiram para tocar pela primeira vez no Nordeste Brasileiro, no Abril Pro Rock em Recife!

Pelo que o Fernando me confessou, a banda deve retornar ao Brasil em 2019.

Aguardem mais notícias.

(Dewindson Wolfheart)