Review do show do Metallica no Morumbi, em São Paulo 

Metallica, Greta Van Fleet e Ego Kill Talent
Estádio do Morumbi (SP) – 10/05/22

Após dois anos de incógnita, muita espera e incertezas no mundo do entretenimento causadas pela pandemia da Covid-19, o Metallica finalmente desembarcou no Brasil para sua décima turnê pelo país. Com ingressos esgotados há mais de dois anos, o Estádio do Morumbi recebeu cerca de 70 mil pessoas para o evento.

 

A noite teve início com o grupo Ego Kill Talent, mais conhecido por ser a nova banda de Jean Dolabella ― ex baterista do Sepultura ― mas que vem trilhando seu próprio caminho e conquistando cada vez mais fãs, não só no Brasil, como fora do país também. As músicas eram desconhecidas para a maior parte dos presentes, mas o grupo ganhou a simpatia do público e muitos aplausos ao final da apresentação. 

 

A atração seguinte, Greta Van Fleet, era uma incógnita para mim. A jovem banda, famosa por copiar ― e negar ― a clara influência de Led Zeppelin em seu som, performance e vestimenta, mostrou a que veio com poucas palavras ― alguns esparsos “obrigado” entre algumas canções e muito rock’n’roll. 

Divulgando seu último disco The Battle at Garden’s Gate, lançado em 2021, a banda foi efusivamente aplaudida pelo público ao término de cada música. Não são o futuro do rock’n’roll, mas carregam a tocha para a próxima geração. 

 

E enfim, o Metallica entra em cena. Com telões de alta definição gigantescos ao fundo do palco transmitindo o show, a banda entrou com fúria, direto com Whiplash, seguida Ride the Lighting, para deleite dos fãs mais ardorosos. Antes da terceira música, Fuel, James Hetfield falou pela primeira vez com o público e brincou com o fato de uma criança ter nascido durante o show da banda três dias atrás em Curitiba-PR: “Se você for ter um bebê hoje, por favor, venha aqui ao lado”. 

Foi em Fuel também que pudemos ver as primeiras explosões no palco, cujo calor dos fogos pode ser sentido pela plateia nas primeiras filas. Seek and Destroy, que raramente é tocada no início dos sets da banda, veio em seguida. Completando 41 anos de carreira, o show abrangeu músicas de todas as fases do grupo, inclusive a pouco lembrada Dirty Window do controverso St. Anger (2003) e No Leaf Clover, criada especialmente para o álbum orquestral S&M de 1999. 

De …And Justice For All (1988), apenas One foi tocada. Do megaplatinado Metallica (1991), foi uma boa surpresa ouvir Holier Than Thou, além das óbvias Sad But True, Nothing Else Matters e Enter Sandman. Do último álbum Hardwired… to Self-Destruct, apenas Spit Out the Bone, que teve os vocais alternados entre o James Hetfield e o baixista Robert Trujillo, enquanto os telões exibiam uma enorme bandeira do Brasil com o nome da banda ao meio. 

O final apoteótico foi com as já citadas Nothing Else Matters e Enter Sandman. Ao término do set, a banda ainda ficou um bom tempo na frete do palco agradecendo e jogando palhetas para o púbico, enquanto no telão eram mostradas imagens de São Paulo, como a Praça da Sé, Vale do Anhangabaú e o Parque Ibirapuera. 

Robert Trujillo, usando um boné do antigo Banco Nacional eternizado pelo ídolo Ayrton Senna, ainda arriscou a cantar em português o bordão: “eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor…”, acompanhado pelo público. 

Enfim, ainda que tenham faltado alguns clássicos (sempre faltam), o Metallica mostrou que aos 41 anos de sua existência, ainda são capazes de fazer shows energéticos e explosivos.

(Texto: Marianna Franco / Fotos: Leandro Almeida)