Review e galeria de fotos: Sepultura se despede do Sul

Auditório Araujo Viana, Porto Alegre
21 março 2024

E chegou o dia. A quinta feira, dia 21 de março de 2024, foi a data escolhida para a tour de despedida do Sepultura, “Celebrating Life Through Death”, que vai durar 18 meses e passar por mais de 40 países, aportasse na capital do Rio Grande do Sul para se despedirem dos fãs gaúchos.  E neste relato de como foi este evento, não iremos abordar muito a parte técnica e a sequência das músicas, uma por uma.

Abordaremos muito mais o lado sentimental e emocional inerente ao evento. Pela tarde, já com uma base estabelecida próximo ao Auditório Araujo Viana, local icônico no movimento cultural da cidade, muito bem escolhido pela Opinião Produtora para a realização do evento, recebemos algumas fotos e alguns vídeos da equipe toda fazendo os ajustes finais bem como da passagem de som, e pudemos perceber que a noite seria grandiosa. 

 

O clima no entorno no local começava a se intensificar, com ambulantes vendendo todo o tipo de recordação da data e fãs chegando dos quatro cantos do estado e também de Santa Catarina. Quando entramos no Araújo, o filme dos últimos 40 anos invariavelmente começou a rodar.

E mesmo com 15 minutinhos de atraso, quando a trilha da música “Polícia” (da banda Titãs) começou a soar nos alto-falantes, e na sequência os primeiros acordes de “Refuse/Resist” foram ouvidos, todos os sentimentos e emoções de quando ouvimos pela primeira vez os álbuns “Morbid Visions”, “Schizophrenia”, “Beneath the Remains”, “Arise” e “Roots”, (que foram os que mais impactaram este que vos escreve), afloraram novamente. 

E pudemos, mais uma vez, perceber e comprovar que, se lá no início da sua trajetória o Sepultura era pura garra e “sangue nos olhos”, com o passar dos anos veio a técnica e também o profissionalismo, com o entendimento de como toda a roda do show business funciona.  E é exatamente por isso que o Sepultura é o que é, a maior banda de Heavy Metal brasileira, não só da atualidade, mas de todos os tempos.  Voltando à sequência do show, depois da abertura com “Refuse/Resist”, emendaram mais dois clássicos da fase antiga, “Territory” e “Slave New World”, para só então o vocalista Derrick Green saudar o público que lotava o espaço e anunciar a próxima música, “Phantom Self” do álbum “Machine Messiah”. 

Na sequência, abordaram bastante a fase dos álbuns lançados posteriormente à saída de Max Cavalera. Com isso, a metade old school do público presente limitou-se a aplaudir e gritar ao final de cada música. Mesmo assim, percebemos o quanto o Sepultura influenciou toda uma geração nos últimos 25 anos, pois a outra metade do público cantou, vibrou, saudou e pulou como se fosse o último show das suas vidas. 

Mas quando o guitarrista Andreas Kisser fala pela segunda vez ao microfone (a primeira vez tinha sido para anunciar o novo baterista Greyson Nekrutman) e diz que vão tocar uma música antiga, o público volta a se manifestar de forma uníssona, com todos cantando e batendo cabeça com a música “Escape to the Void”. 

Daí para a frente, esta “magia” só foi quebrada nas músicas “Sepulnation” e “Agony of Defeat”. Mas a sequência final com “Troops of Doom”, “Inner Self” e “Arise” e o bis com “Ratamahata” e “Roots”, foi matadora, e coroou com muita qualidade esta noite especial de despedidas. 

De saldo, além da constatação de um Paulo Xisto bem solto no palco e com seu baixo tendo destaque em alguns momentos do show e a admiração pelo profissionalismo de ponta do espetáculo entregue, com seus telões gigantes, som de muita qualidade e a velha garra presente, deixamos aqui a pergunta que mais ouvimos nesta noite: “O que você acha, foi mesmo o último?” Nossa resposta: “Até hoje, foi!”

Por Flávio Soares Coutinho; Fotos: Aline Jechow