Entrevista com o veterano Peter Tägtgren, do Hypocrisy

Peter Tägtgren não estava muito a fim de papo quando da entrevista coletiva da qual a Rock Brigade pôde participar. Prova irrefutável disso é o fato de ele ter respondido duas perguntas de cada um dos jornalistas do Brasil e de toda a América Latina presentes em menos de 20 minutos.  

Se à imprensa fala pouco, enquanto multiinstrumentista líder do Hypocrisy — que em 2021 pôs fim a um jejum de oito anos com o bacana “Worship” — e produtor responsável pelo recém-lançado “Belly of the Beast”, o surpreendente novo álbum de Joe Lynn Turner, o sueco é grito no c… e dedaria. Veja. 

Rock Brigade: Oito anos se passaram entre o lançamento de “End of Disclosure” (2013) e “Worship” (2021). Por que demorou tanto tempo entre um e outro?
Peter Tägtgren: Eu estava ocupado fazendo outras coisas. [Risos.] Ter três bandas ao mesmo tempo requer muito esforço; planejamento, shows, compor músicas, gravar discos, sair em turnê. O Hypocrisy seguiu firme e forte depois do “End of Disclosure”, fazendo uma turnê após a outra. A última que fizemos foi em 2019, antes de o álbum [“Worship”] ser lançado, então estávamos constantemente ocupados de alguma forma, fora os compromissos com o Pain e o Lindemann simultaneamente, por isso a demora. 

O quanto a pandemia inspirou a composição e impôs dificuldades à gravação do “Worship”?
Nada, pois o álbum foi todo gravado antes da pandemia, em 2019. 

Eu gostaria que você falasse um pouco sobre o álbum “Belly of the Beast” e contasse como foi trabalhar com Joe Lynn Turner, meio que trazendo-o para o lado sombrio da força.
Acho que ele sempre esteve do lado sombrio, só que a música dele não refletia isso. Mas trabalhar com ele foi ótimo, ele é um cara muito talentoso, um mestre das melodias vocais, uma voz inacreditável, muita precisão, um dos melhores vocalistas que já gravei. E foi divertido; começamos meio que aos tropeços, demoramos um pouco até nos encaixarmos, sem contar os nossos compromissos com outras bandas. Mas, no geral, foi ótimo, e eu espero que a gravadora dê o impulsionamento necessário para que o álbum bombe, pois tirando o que ele posta e o que eu posto, não vi muita divulgação acontecendo. 

Algumas das letras do Joe foram inspiradas nas suas crenças acerca da pandemia. Um verso da faixa-título diz “Take the vaccination, kill the population”. Pode-se dizer que vocês estão na mesma página em relação a isso?
Perguntaram a mesma coisa sobre o Till [Lindemann]. Quando você é um artista solo, quando escreve as próprias letras, é tudo muito pessoal; neste caso, é o ponto de vista do Joe. Mas, na minha percepção, a pandemia não foi a única inspiração; muitas outras coisas o inspiraram. Por fim, se você prestar atenção em algumas das minhas letras mais antigas, como a própria “End of Disclosure”, saberá qual era o meu posicionamento há dez anos e verá como [a letra] é bastante precisa ainda hoje. 

(Texto: Marcelo Vieira; Transcrição: Leonardo Bondioli; Colaboração: Bia Cardoso)