Entrevista: Jeff Scott Soto revela segredos da sua carreira

Desde seus dias com o Talisman até os projetos mais recentes como o W.E.T., Jeff Scott Soto demonstrou uma versatilidade e talento inegáveis como cantor e compositor. Enquanto muitos artistas se contentam em repousar sobre os louros de seus sucessos passados, Soto continua a desafiar-se, explorando novas fronteiras musicais sem perder de vista seu legado.

Lenda viva do rock e do metal, ele abriu as portas de sua mente criativa em um bate-papo curto, porém franco e revelador, compartilhando insights exclusivos sobre sua multifacetada carreira e até mesmo o que os fãs podem esperar do setlist especial planejado para a vindoura turnê com o Angra e a apresentação no Summer Breeze Brazil neste mês.

Rock Brigade: Em uma sessão de perguntas e respostas que você realizou no Instagram algum tempo atrás, perguntei qual álbum você acreditava representar melhor quem você é como artista em sua totalidade; não apenas como intérprete, mas também como compositor, arranjador etc. Você respondeu “Damage Control” (2012). Gostaria de saber se essa escolha ainda se mantém hoje.

Jeff Scott Soto: Eu diria que sim. Embora tenha feito muuuita coisa desde então, sempre é mais gratificante quando você pode levar o crédito pela maioria das músicas em um álbum. Não diria que estou muito preguiçoso para fazer isso nos dias de hoje, é apenas que prefiro trabalhar com ótimos músicos que sabem como fazer as músicas brilharem mais tanto na escrita quanto na performance.

Falar sobre o impressionante número de álbuns que você gravou é chover no molhado. Entre essas centenas de trabalhos, há aqueles que são inegavelmente famosos e reconhecidos, mas há outros que poucas pessoas, além dos fãs mais fervorosos, sabem que existem. Desses trabalhos mais “obscuros”, quais você considera os “desconhecidos”?

Aqueles que a maioria das pessoas conhece são porque estou mais próximo tanto na minha alma quanto no comprometimento. Há uma infinidade de trabalhos que fiz e de que me esqueci completamente. Houve uma vez em que uma das minhas músicas estava tocando em alto-falantes em um evento em que eu estava, alguém disse “adoro essa música com você, Jeff”, e tudo que eu conseguia pensar era “que música é essa, nunca a ouvi”, mesmo sendo eu cantando. [Risos.]

Em centenas de trabalhos, você teve a oportunidade de gravar com muitos pesos pesados do rock e do metal, mas com certeza ainda não teve a chance de gravar com muitos outros. Pensando nos músicos com os quais já colaborou, qual seria a sua banda dos sonhos?

Realizei todos os meus desejos de parcerias musicais tanto com vivos quanto com gente que já se foi. Para mim, minha banda dos sonhos é uma que permaneça unida até eu me aposentar!

Você poderia nos contar sobre sua história com o Angra?

Conheci os membros do Angra nas minhas idas ao Brasil. Acredito que o Kiko [Loureiro, ex-guitarrista] foi o primeiro que conheci; depois Felipe [Andreoli, baixista], Bruno [Valverde, baterista] e o resto. Dei uma canja com eles em um festival nos EUA chamado Progpower [em 2015] e temos mantido contato desde então.

Quais são as suas expectativas para os shows ao lado da banda?

Estou ansioso para o que faremos juntos em seus sets todas as noites quando estiver em turnê com eles, mas não posso revelar nada ainda!

A promessa para o show no Summer Breeze Brazil é um setlist dedicado ao Talisman, W.E.T. e músicas solo; pelo menos é o que diz no comunicado de imprensa do evento. Quais músicas de sua carreira você diria que são “obrigatórias”? E haverá alguma surpresa a esse respeito; talvez uma música que não seja tocada há muito tempo?

Vou cantar algumas músicas que nenhuma dessas bandas nunca tocou ao vivo, mas, é claro, que clássicos do Talisman que aparecem em todos os shows solo como “I’ll Be Waiting” e “Mysterious” não ficarão de fora. Haverá muitas surpresas pela frente; espero aprender tudo a tempo! [Risos.]

Quais são os planos de Jeff Scott Soto para o segundo semestre de 2024 em termos de álbuns, colaborações e turnês?

O novo álbum do W.E.T. está pronto, mas não sei que mês será lançado. Lancei dois álbuns em fevereiro; acho que três em um ano é mais do que suficiente! Tenho muitos shows marcados ao redor do mundo, mais datas da turnê de 40 anos, outros acústicos com Jason Bieler [do Saigon Kick] e acredito que outra visita à Indonésia para fazer mais do que fiz no ano passado.

No Brasil, brincamos que você não sabe o que são férias. Mostre-nos que estamos errados e nos conte o que você costuma fazer em seu tempo livre que não tenha a ver com música.

Acho que vocês estão certos. Não acredito em férias porque fazer o que faço para viver me oferece lugares para visitar, relaxar, ver coisas novas e ser aventureiro. Para mim, isso é uma descrição de férias, então, sim, me sinto de férias toda vez que caio na estrada!

Por Marcelo Vieira; Fotos: André Tedim