Exciter e Bat ao vivo em SP: review e galeria de fotos

Local: Jai Club (São Paulo – SP)
Data: 6 de abril de 2024 (sábado)

Com um clima favorável, desse eterno verão que nunca acaba, e um pouco mais frio, o que ajudou (e muito o evento), ainda mais em um lugar de médio porte como a Jai Club, seguimos em mais um grande evento da Xaninho Discos em parceria com a Chamuco produções. 

Com uma ótima localização (5 minutos a pé do metrô Ana Rosa), e uma estrutura legal para shows desse porte, a Jai Club já se tornou um local popular, entre a contracultura da paulicéia, pelos ótimos shows que anda promovendo de uns anos pra cá, em um mundo pós-pandêmico, abrigando toda uma cena local e garantindo a qualidade e o sucesso, dos eventos que costumam abrir as portas. 

Com a casa não muito cheia ainda, sobe ao palco a primeira banda, Inferno Nuclear, por volta das 17:30, esbanjando com imponência, seu Metal em português cheio de energia. Com uma bateria posicionada no canto direito do palco (já que a bateria principal do Exciter já estava montada na parte de trás central do palco), a banda, oriunda do Belém do Pará, fez um show explosivo, fazendo um apanhado de toda sua carreira e divulgando seu álbum de 2021 “Diante de um Holocausto”. 

A banda está na estrada desde 2006, com uma história cheia de demos e singles, além do já citado full lenght. Wellington Freitas, vocalista e líder da banda, que atualmente se estabilizou aqui em São Paulo (capital), recrutou músicos locais, e reestruturou a banda por aqui, para dar continuidade a seu legado. 

Com um som regular, a banda conseguiu criar algo único e com identidade, mesclando um instrumental Thrash, com um vocal mais limpo e cantado no melhor estilo “Heavy Metal”, dando destaque para a música “Anjos da guerra”, em seu set de meia hora que teve fim às 18:00. 

Com um intervalo de 30 minutos, tempo para a galera tomar um ar, e se confraternizar, algo primordial em um evento desse porte, que não deixa de ser uma grande festa e reencontro de amigos, sobe ao palco o Hellway Train às 18:30. Banda oriunda da lendária capital do Metal da Morte, Belo Horizonte (Minas Gerais), a banda vem se destacando no cenário nacional com seu Heavy Metal tradicional fortemente influenciado por Judas Priest. 

Com uma enchida a mais na casa, a banda mandou seu recado para o público presente que prometia comparecer em peso ao longo do evento, já que o mesmo se encontrava “sold out” há alguns dias. Promovendo seu último álbum “Borderline”, recém lançado neste ano de 2024, a banda é liderada pelo performático vocalista Marc Hellway e pelo guitarrista Vinícius Thram, além de Chris Maia no baixo, e recentemente efetivado como membro fixo na banda, o baterista maranhense, Filipe Stress, atualmente residindo em São Paulo. 

A banda, que se encontra na estrada desde 2010, com uma pequena pausa nesse meio tempo, e retornando de vez em 2020, conduziu toda a galera presente em um show energético e impecável musicalmente. Com a banda afiada e entrosada, desfilaram sons de toda a trajetória da banda, composta por singles, split e EPs, além do full, em músicas como: Hell on Earth, Born to Rock Hard, Out of the Cellar, Bounded to Devour, Bomberman, com um destaque em especial para o cover de “Jawbreaker” do Judas Priest, conduzindo todos a cantarem juntos com punhos ao ar, e finalizando seus 30 minutos de show as 19:00.

Intervalo para a primeira atração internacional do dia, e tempo para se confraternizar com os nossos iguais. Muito legal ver que a cena vive e está mais forte do que nunca em nosso Underground. É sempre uma alegria rever amigos, e a galera das bandas, que são responsáveis pela trilha sonora de nossas vidas. Presença mais que ilustre da lendária vocalista americana Leather Leone, que está em tour pelo Brasil, e que compareceu ao evento, atendendo todos que iam falar com ela, com todo carinho e humildade do mundo, algo primordial para qualquer músico que almeja o respeito de seus fãs.

 

Exatamente as 19:30 (algo primordial chamado pontualidade, e que infelizmente nunca teve no Brasil, mas que aos poucos vai melhorando na medida que a cena se profissionaliza cada vez mais, principalmente no Underground), entre os americanos do Bat, que se encontram em turnê conjunta com o Exciter pela América Latina, que teve início no México e finalizou no Chile. 

Um power trio americano liderado pelo guitarrista do Municipal Waste, Ryan Waste, e que no Bat divide a função de baixo e vocal. Com a casa já cheia, a banda acabou surpreendendo e se destacando até para quem não a conhecia, inclusive esse que vos escreve, levando uma espécie de Metal Punk (ou Speed Metal???), e o mosh comendo solto na multidão. 

A banda que teve início em 2013, e já conta com 2 álbuns lançados “Wings of Chains (2016)” e o recém lançado “Under the Crooked Claw (2024)”, além de alguns singles e um EP, cativou a todos, com um show incansável e destruidor, sem tempo pra respirar e com a adrenalina de todos a mil, além da própria banda. Destaque para “Ice” e “Street Banger”, dedicada a todos os fãs de Motörhead, presentes, outra notável influência da banda. 

Deixando a todos extasiados com seu set matador e ganhando uma nova legião de fãs que presenciaram o melhor que o Underground americano tem a oferecer. Finalizando seu show, por volta das 20:10 e preparando o terreno para a instituição canadense chamada Exciter. 

 

Com 10 minutos adiantado, e após uma intro, o Exciter já entra arregaçando tudo com “Stand up and fight” e “Heavy Metal Maniac”, ambas de seu álbum de estreia, de 1983. Dando sequência a “Break down the walls”, de seu 4° álbum “Unveiling the Wicked” de 1986. A morte lenta chega em “Iron dogs”, pulsante e feroz, como um cão selvagem pronto pra te devorar. 

Dan Beehler é um verdadeiro tanque de guerra canadense, um cara diferenciado por sua história, legado e talento, pois cantar e tocar bateria ao mesmo tempo daquele jeito, é tarefa para poucos, apenas para os que possuem a centelha maldita do Metal, abençoado pelos deuses do aço. 

Seguem com a mais cadenciada mas não menos marcante “Evil Sinner”, de seu segundo álbum “Violence and Force” de 1984, muito popular aqui no Brasil, desde outrora, já que o mesmo teve sua edição nacional na época, lançada em vinil, pela também lendária Woodstock Discos de Walcir Chalas, um de nossos pilares metálicos do Underground do terceiro mundo, e que fez e continua fazendo história. 

A insanidade tomava conta dos Headbangers presentes. Mostrando o quanto algumas bandas são atemporais e a força de sua música resistiu ao tempo e continuará resistindo até a posterioridade. Dando sequência à “Feel the knife” do EP do mesmo nome. “Die in the night”, com todos cantando o refrão marcante desse hino do quarto álbum da banda, que teve em sua formação o guitarrista Brian McPhee, emendando a marcha de batalha “Living evil” do mesmo álbum, músicas que não eram executadas até então, enquanto o guitarrista original John Ricci estava na banda até 2018. 

Rufam os tambores e o hino “Pounding Metal” começa pulsar em todos os corações de Metal presentes Um majestoso solo de guitarra do habilidoso Daniel Dekay, mostrando para o que veio… e que veio pra ficar! A veloz “Beyond the gates of doom” de seu terceiro álbum “Long Live the Loud”, levando todos ao delírio, e fazendo todos presentes bangearem incessantemente no melhor, do Speed Metal mundial executado com maestria pela banda. 

“Violence and Force”, uma das mais populares, executada com muita energia pelo carismático baixista Allan Johnson, membro original da banda, além do já citado Dan Beehler, que não é apenas um músico, e sim uma força da natureza: Explosivo, selvagem, porém, sempre preciso e certeiro. 

“Long live the loud”, uma das odes da banda do disco do mesmo nome, uma grande homenagem ao barulho distorcido que ecoa há décadas mundo afora, musicando a vida dos rebeldes e excluídos, exaltando o orgulho de se fazer parte de tudo isso e dessa contracultura que nos acolheu que foi o Metal. “Iron Fist” do grandioso Motörhead, notável influência da banda, para encerrar esse que não foi apenas um show, mas mais um capítulo marcante de nosso Underground paulista, encerrando o evento às 22:00 e finalizando com dois stage diving alucinados do guitarrista Daniel Dekay, que foi acolhido no ar pela multidão ensandecida. Mas para quem pensou que essa verdadeira confraternização do aço terminava aqui, está enganado A galera que continuou presente após o evento, puderam todos rolar uma ideia com ambas as bandas, Exciter e Bat, que ficaram lá no bar ao lado, até altas horas da madrugada, bebendo com a galera, tirando fotos, e conversando de igual pra igual, mostrando para todos nós, Headbangers, que os iguais sempre se reconhecem quando estão no mesmo habitat natural, e tudo termina em festa e comemoração, com essa alegria que só o Metal nos proporciona, independente de sua etnia, descendência, ou o que quer que seja, estamos todos nesse meio por um único propósito em comum, celebrar a música pesada!

Longa vida ao barulho a todos os maníacos do Heavy Metal!

Por Igor Lopes; Fotos: Leandro Almeida