Leather Leone em SP: fotos do show e da tarde de autógrafos

Sexta-feira, 12/4/2024
Jai Club, São Paulo-SP

 

O mês de abril de 2024, relata-se como um dos mais frenéticos no quesito shows, aqui na capital de São Paulo. Recheado de grandes eventos, alguns até impossíveis de acompanhar, já que ocorrem um após o outro, e nem sempre a “renda per capita” do roqueiro médio brasileiro lhe permite tal possibilidade. 

Com clima agradável, celebrando o outono, uma das melhores estações para quem curte sair num visual e curtir um show sem se sentir desconfortável, e com aquele tradicional “friozinho” da terra da garoa, marchamos mais uma vez, rumo a já tradicional Jai Club, no bairro da Vila Mariana (zona sul de São Paulo), para mais esse grande evento da também já tradicional Caveira Velha Produções. 

A casa tem abrigado de um tempo pra cá, shows de pequeno e médio porte, tanto para bandas iniciantes, como para artistas que já foram grandes um dia no quesito vendas e popularidade, em um mundo pré-era digital, onde a condecoração final de sua arte, vinha em formato vinílico, ou CD a posteriori, além das quas” já extintas revistas impressas da mídia especializada roqueira, ao redor do mundo, documentando oficialmente suas histórias e legados. 

Tendo início às 18h45, com a casa não muito cheia, a primeira banda, Hell on Wheels, oriunda da vizinha cidade de Guarulhos (SP), sobe ao palco, honrando fielmente a lendária banda de Speed Metal belga, Acid. A primeira música “America”, é o ponto de partida para este grande tributo, desta mais que lendária banda que teve carreira meteórica, porém, tempo suficiente para deixar sua marca eterna no Metal. Seguindo com “Lucifera”, “Bottoms Up”, “Ghostriders”, “Lost in Hell”, entre outras, fazendo um apanhado geral de toda a curta, porém explosiva carreira da banda, da lendária e carismática vocalista Kate, e que se resume basicamente em 3 LPs de estúdio e alguns singles e demos. 

Com a ausência de última hora do baixista Amílcar, que se encontrava com dengue, a banda capitaneada pela querida vocalista Deca Cast (idealizadora do Guaru Metal Fest), fez sua apresentação apenas com duas guitarras, (além da bateria), com muita energia e devoção, algo que só os verdadeiros fãs poderiam proporcionar com tanta maestria e paixão. 

Com um som bom, a banda mandou seu recado e aqueceu os Headbangers presentes nessa sexta feira cinzenta em SP Metal City. “Max Overload” e “Black Car” do segundo álbum “Maniac” de 1983, para encerrar essa verdadeira devoção aos primórdios do Speed Metal. Finalizando sua apresentação às 19h23. 

Com merchandising oficial no local do show, além de bebidas a preços acessíveis para todos, tendo na parte de cima da casa um cardápio de comida japonesa para saciar a fome dos presentes. Além da ótima localização (500 metros a pé, do metrô Ana Rosa ou Vila Mariana). O segundo ataque da noite, veio com a já lendária Selvageria, de São Paulo, iniciando seu massacre às 19h40. Agora como trio, desde o desligamento do vocalista Gustavo Eid, que atualmente se dedica a sua também bem-sucedida banda Trovão, e tendo agora o baterista Danilo Toloza (ex-Em Ruínas), desempenhando ambas funções (bateria e vocal), algo já natural para o mesmo, desde que integrava o Maniac, banda tributo ao canadense Exciter, fazendo bateria e vocal também, a exemplo da original, e do gigante Dan Beehler, que pudemos conferir uma semana antes desse evento no mesmo local. 

Com a casa um pouco mais cheia, e com uma qualidade de som boa, iniciam com “Metal invasor” do primeiro álbum de 2009 e também da demo de 2005 do mesmo nome. Dando sequência a faixa hino que leva o nome da banda, “Selvageria”. A velocidade não cessa, e seu combustível vem com o nome de “Na lâmina da foice”, em mais um ataque de Speed Metal. Do primeiro álbum e também da demo, seguem com “Cinzas da inquisição”, já popular entre os bangers desde o início da banda, onde faziam épicas apresentações no saudoso Arena Metal em Osasco, entre outras casas lendárias da época. 

“Águias assassinas” vem para comprovar uma coisa que percebi no cenário atual, e que por um tempo foi renegado e esquecido, que é o Metal cantado em português. Algo que hoje em dia se tornou uma coisa favorável entre as bandas de Metal brasileiro, e até mesmo uma preferência no Underground nacional, pois é algo de fácil assimilação entre a galera, e isso se torna algo bem evidente nos shows, onde é possível ver todo mundo cantando junto todas as letras da banda. Um verdadeiro resgate dos primórdios do Metal nacional, de épocas de “SP Metal”, “Ultimatum” e “A ferro e fogo”, para quem entende do que estou falando. 

Agora é hora da imponente “Trovão de Aço”, levando os presentes à adrenalina total. Com a saída do vocalista original, Gustavo, eu diria que a banda não perdeu em nada, apenas mudou o formato. Se antes a banda nos remetia mais aos primórdios do Running Wild, da fase Metal negro da banda, dos dois primeiros discos, agora a banda virou Exciter, só para termos uma referência musical mesmo, para ilustrar a resenha, e repassar para vocês leitores, o poder de fogo da banda, que se manteve, mesmo após a dura tarefa de substituir um vocalista, algo que pouquíssimas bandas na história, foram bem-sucedidas, eu diria. 

Galera gritando em voz alta e em punhos ao ar o nome da banda. Como um autêntico show de Heavy Metal! “Cavaleiro da Morte”, de seu segundo álbum, “Ataque Selvagem” de 2017. E o headbangin’ rolando solto no público, em uma eterna devoção ao aço. “Hino do mal”, cantada por todos presentes, e com a banda afiadíssima e a todo vapor, encerrando às 20h22. Um breve intervalo de uns 20 minutos, para dar tempo aos presentes de recuperarem o fôlego, após a destruidora apresentação do Selvageria, a introdução anuncia a rainha do Metal americano, dando início às 20h42. 

E então ecoa do palco, a voz de trovão da lendária vocalista do Chastain, com a música “Ruler of the Wasteland”, do segundo álbum de mesmo nome de 1986, de sua antiga banda, liderada pelo virtuoso guitarrista David T. Chastain. Acompanhada dos competentíssimos músicos brasileiros, Fabio Carito(baixo), Marcus Dotta(bateria), Kiko Shred e Vinnie Tex(guitarras), que já se destacam há algum tempo, sempre envolvidos em grandiosos trabalhos, de grandes músicos nacionais e internacionais, a banda está totalmente preparada e afiada, e já se encontra em turnê pelo Brasil há alguns dias. Seguem entrosados no palco, com a sincronia e perfeição de um relógio suíço. Capitaneados pela grande Leather Leone, que teve seu nome ecoado pelos fãs presentes em uma eterna devoção a diva do Metal. “Black knight”, música que abre o álbum de estréia, “Mystery of Illusion” de 1985 de sua antiga banda, que a consagrou e a apresentou para o mundo. “Mystery of Illusion”, do mesmo álbum de mesmo nome, dando sequência a essa verdadeira magia que foi este show, dessa grande vocalista. Aplausos e mais aplausos, com a casa cheia e todos em êxtase a essa altura do show, e ele mal começou. “I’ve seen tomorrow”, dando continuidade a seu álbum de estreia no Chastain. “Shockwaves”, de seu disco solo de estréia de 1989, que leva o mesmo nome. Aja folego, tanto para ela, como para os Headbangers presentes. 

A veloz “We take back control”, de seu último álbum de estúdio, e “We are the chosen”, de 2022, executada com todo poder do mundo pelo competentíssimo Marcus Dotta na bateria. Em síntese, um time de músicos de primeira, pra gringo nenhum botar defeito. Não é à toa que a banda é sempre contactada para acompanhar músicos internacionais quando estão de passagem aqui pelo Brasil, e até mesmo em estúdio, como no último álbum da lendária banda de Power/Speed Metal americana, “Savage Grace”. Ou em turnês, como foi com o ex-Judas Priest, Tim Ripper Owens, e o saudoso vocalista do Sanctuary e Nevermore (Warrel Dane), do qual Marcus fez parte, além do baixista Fabio Carito. 

Entre inúmeros outros artistas dos quais os músicos que acompanham a Leather nessa turnê brasileira, agregam em seus currículos musicais. Dando sequência, “Angel of Mercy”, do segundo álbum de 1986, “Ruler of the Wasteland”, também do Chastain, fazendo uma eterna reverência ao passado glorioso, e jamais esquecido. A voz dessa mulher é incrível! Só isso que tenho a dizer. É a águia do Metal! Difícil não conter a emoção ouvindo-a cantar, e aquele arrepio constante no braço que só um fã verdadeiro de Heavy Metal é capaz de entender e sentir. 

Emoção única, ver esse personagem lendário que ela se tornou (e fez jus pra isso), em ação. Demais… Demais!!! “Live Hard” e “The 7th of Never”, honrando o legado de sua antiga banda. Grande destaque para o virtuosismo impecável do guitarrista Kiko Shred, dando um show à parte. “For those who dare”, “Who rules the world”, com a plateia totalmente dominada por sua voz e carisma, a lendária vocalista americana pergunta e a plateia responde: “Do you love me?” Yeahhh! “Do you love Metal?” Yeahhh! “Do you love DIO??” Yeahhh!!! Em sua eterna devoção à maior voz que já existiu na história do Heavy Metal: Ronnie James Dio. Provavelmente sua maior influência, já que podemos chamá-la tranquilamente de uma versão feminina do mesmo, tamanho poder e potência de sua voz rouca e estridente, pertencente à família dos corvos da música pesada (Janis Joplin, Olivia “Liver” Favela, Noddy Holder, Dan McCafferty, Cornélius Lúcifer, Blackie Lawless, Fran Alves, entre poucos outros). Uma linhagem rara e privilegiada, durante essas décadas de Rock’n’Roll ao redor do globo terrestre. Com todos completamente hipnotizados pela energia dessa mulher, que está mais para uma força da natureza, uma entidade da música pesada mundial, ela anuncia “We are the chosen”, de seu último disco solo, de mesmo nome de 2022, que teve em sua gravação, o guitarrista Vinnie Tex, que acompanha a mesma nessa turnê, além de um vídeo clipe gravado na Sede campestre da Casa de Viseu e Ruínas da Igreja de São José do Vale da Boa Morte (Rio de Janeiro, Brasil). 

Chegando ao fim dessa experiência que não foi apenas um show, mas sim uma magia, nossa eterna rainha do Metal americano anuncia o que talvez seja seu hino máximo das épocas de Chastain, a grandiosa “The voice of the Cult”, do disco homônimo de 1988. Finalizando então, por volta das 22h, todos os presentes, ainda puderam se aproximar da mais que carismática e querida vocalista, que atendeu a cada um ali dentro do local do show, tirando fotos, distribuindo autógrafos, e retribuindo todo o carinho que essa legião de fãs tem por ela e sua música. 

Algo mais que justo para uma artista lendária de 65 anos, que se recusa a envelhecer, e é muito bem sucedida nesse propósito, com sua eterna juventude, cheia de energia e alegria, compartilhando com todos, essa vibração única e contagiante de alguém que nasceu pros palcos, pros holofotes e para a arte verdadeira. All Hail the Almighty Leather!!! 

Texto: Igor Lopes, Fotos: Leandro Almeida