Depois de 40 anos, clássico do Discharge é lançado no Brasil

O que bandas como Napalm Death, S.O.D., Metallica, Slayer, Anthrax, Hellhammer/Celtic Frost, Bathory e Sepultura têm em comum? Todas elas, não obstante o fato de pertencerem aos nichos do grind, do thrash ou do death metal, já listaram o Discharge entre suas principais influências. 

Ciente não somente disso, mas também da importância do grupo inglês enquanto precursor da vertente conhecida como D-beat do hardcore punk, a parceria Voice Music / Rock Brigade Records anuncia o lançamento em CD no Brasil do clássico Hear Nothing See Nothing Say Nothing em edição de colecionador, com encarte contendo letras e fotos, som remasterizado e nada menos do que nove bonus tracks. 

Originalmente lançado em maio de 1982, o álbum de estreia do Discharge foi eleito pela revista Terrorizer o melhor disco de punk já feito. Foi também relembrado por Scott Ian, guitarrista do Anthrax — que regravou a faixa Protest and Survive —, como “atemporal, pesado e brutal”. A atemporalidade à qual Ian se refere está presente nas letras que, de caráter contestatório, escritas sob a égide do governo Margaret Thatcher. 

Embora não tenha gravado Hear Nothing See Nothing Say Nothing, JJ Janiak, o atual vocalista do Discharge, comenta: “As letras são apenas um mero reflexo do que está acontecendo no mundo. Podemos não ter todas as respostas, mas nunca tivemos medo de fazer as perguntas certas. Nós apenas falamos sobre as coisas como as vemos, e com o tempo isso se torna a nossa história”. 

Formado na cidade de Staffordshire em 1977 durante o auge do movimento punk britânico, o Discharge é uma das bandas mais influentes de todos os tempos tendo, sem dúvida, plantado as sementes do thrash metal e de vários outros subgêneros do metal. 

Sua trajetória é pontuada por diversas mudanças de formação e duas interrupções nas atividades — respectivamente, em 1987 e 1999. Com sete álbuns lançados e um punhado de singles e EPs de importância inconteste para a cena, o grupo segue como um dos mais vitais e relevantes do gênero hoje em dia.

(Marcelo Vieira)