Show do Dream Theater esquenta a gelada noite paulistana

Após três anos de sua última vinda ao Brasil, o Dream Theater veio esquentar a noite desta última quarta-feira dia 31 de agosto na cidade de São Paulo. Com a turnê de seu décimo quinto álbum de estúdio “A View from the Top of the World” de 2021 a banda marca mais uma passagem, desta vez mais curta ao país com apenas duas datas, deste show em SP e o show do dia 2 de setembro no Rock in Rio. 

Mesmo antes das portas do Tokyo Marine Hall se abrirem, os fãs já estão em clima de empolgação e mostrando seu carinho pela banda, na longa fila que se estendia pela Rua Bragança Paulista, num dia cinza e com termômetros marcando por volta de 10°C, mas isso não impediu os fãs de irem mais uma vez prestigiar a banda! 

Ao liberar a entrada do público às 19h30, aos poucos a casa ia começando a encher, meia hora após abertura, começou no hall de entrada o pocket show da banda Santíssima Trindade, tocando covers de Black Sabbath, Deep Purple e Led Zeppelin, o que prendeu a atenção de muitos fãs foi o vocal poderoso e marcante do Nando Fernandes e a banda executando muito bem os grandes sucessos, a apresentação acabou cinco minutos antes do horário marcado para o Dream Theater subir no palco. 

Todos preparados aguardando as luzes se apagarem, o público ovacionando as últimas aparições dos rodies posicionando o set list até que enfim as luzes se apagam, o telão ao fundo do palco sai da animação com a capa do álbum da turnê e começam as projeções visuais da “The Alien”. Porém logo nos primeiros minutos de música o microfone do James LaBrie falha e ainda leva mais alguns para o problema ser resolvido, no meio tempo a banda segue a apresentação e ao acabar solo do John Petrucci, LaBrie volta com o microfone funcionando e o público comemora como uma vitória. 

Ao terminarem “The Alien” LaBrie desabafa sobre a falha, pede desculpas ao público e pede para seguirem o show como programado. Todos sabem que o Dream Theater é muito perfeccionista em seus shows, nessa hora me lembrei do show deles de 2005, quando na música final a Pull Me Under/ Metropolis pt I, numa parte da Metropolis o Petrucci e o Jordan Rudess não estavam sincronizados e ao perceber a falha Mike Portnoy segura a batera, troca olhares com os dois e simplesmente retocam o trecho que saiu errado. 

 

O show segue com “6:00” música de abertura do “Awake” de 1994 e a multidão não economiza na voz para cantar junto com Labrie, além da monstruosidade que John Myung exibe com seu baixo dando aquele peso no som. Seguindo na linha do despertar “Awaken the Master” também do álbum da turnê e foi a ponte para ápice da noite, logo em seguida eles tocaram “Endless Sacrifice” do clássico “Train of Thought”, nesse momento gritos de emoção tomaram conta do ambiente e do começo ao fim todos cantaram em alto e bom tom. 

Não teve como não sentir arrepios ao ver Jordan Rudess e John Petrucci alternando solo de guitarra e teclado frente a frente no meio do palco. Continuando o show depois dessa porrada, vem “Bridges in the Sky” com aquele característico canto de garganta mongol que abre e fecha o som, vale lembrar que esse som é do primeiro álbum em que Mike Mangini assumiu a bateria da banda após a saída do Portnoy. 

Deu para perceber o braço descendo mais forte na batera durante o som. Após os aplausos, surge um olho de dragão no telão e começa a “Invisible Monster” mostrando que o foco da turnê é no último álbum, as projeções visuais e a iluminação durante o show inteiro e em especial nessa música deram uma experiência a mais aos espectadores na noite. “About to Crash” vem e tira gritos da multidão, com seus quase seis minutos podemos dizer que foi umas das mais curtas da noite, porém mais um clássico do DT com seus 20 anos de pedrada. 

Depois dessa batida, vem o coro dos fãs ao escutarem o começo de “The Ministry of Lost Souls”, a atmosfera do show entra num momento mais calmo até a metade da música quando ela vira e começa os solos com a progressão insana que só eles sabem fazer. Chegando ao fim da noite, vem a música que dá nome ao último álbum “A View from the Top of the World” com seus vinte minutos mostra toda a virtuosidade, técnica e criatividade que o Dream Theater ainda tem para compor mesmo depois de mais de 30 anos de banda, mostrando que o trabalho deles continua muito forte e tem seu reconhecimento ainda mais exaltado depois de ganharem seu primeiro Grammy Awards com “The Alien” deste mesmo álbum, vale lembrar que durante os anos o DT foi nominado ao Grammy apenas três vezes em sua carreira inteira e enfim ganharam o reconhecimento que eles merecem.

 Para fechar o show de forma memorável, “The Count of Tuscany”, considerada por muitos, uma das melhores músicas da banda dos últimos 15 anos, sendo ela o bis da noite, fazendo muitos fãs se emocionarem até o último segundo da apresentação! Numa visão geral o show foi muito bom, embora não tenha rolado alguns clássicos que todo bom fã de Dream Theater quer escutar, mas ver eles ao vivo exaurindo seus instrumentos e cantar junto do Labrie é sempre muito satisfatório e faz valer o espetáculo!

(Texto: Conrado Takayama, Fotos: Leandro Almeida)