Clássico de 1990 do Cannibal Corpse é lançado no Brasil

A Voice Music e a Rock Brigade Records dão continuidade à série de relançamentos em CD do Cannibal Corpse no Brasil. A peça da vez é Eaten Back to Life, álbum de estreia da banda mais brutal do death metal, que chega às lojas em formato de luxo, com slipcase envernizado, encarte com letras e fotos e som remasterizado por Fabio Golfetti. 

Lançado originalmente em 17 de agosto de 1990, Eaten Back to Life oferece uma prévia da fórmula mágica do Cannibal Corpse, que envolve não ter só títulos de músicas bizarros, mas também inquestionável qualidade musical. 

“O Cannibal nos enviou uma fita demo, e a primeira coisa que fiz foi ler o título das músicas”, conta Brian Slagel, dono da Metal Blade Records, gravadora do Cannibal Corpse nos Estados Unidos. “Tinha uma música lá chamada A Skull Full of Maggots, e eu imediatamente pensei que eu tinha que contratar aquela banda, só pelo título da música! A demo acabou sendo muito boa, e nós assinamos com eles em 1989. Tinha outras bandas de death metal por lá, e algumas delas estavam escrevendo letras sangrentas, mas nenhuma delas estava fazendo algo extremo daquele jeito, com certeza. O Cannibal era o pacote completo”.

A capa violenta e a natureza extrema das letras levaram o disco a ser proibido em diversos países. 

“Sempre considerei as imagens mais aterrorizantes do que as letras”, recorda o baixista Alex Webster. “Se você vê um globo ocular sendo perfurado por um pedaço de madeira num filme de Lucio Fulci, isso tem muito mais impacto do que a mesma cena descrita em palavras. A gente deixou muito claro, em todas as entrevistas, que [nossas letras] eram apenas histórias de horror fictícias e que não nos identificávamos com aqueles personagens. Conduzimos nossas letras da mesma forma como um filme de terror é conduzido. Ou um romance do Stephen King: há todo tipo de violência nesses livros, mas ninguém diminui o autor por causa disso.”

Participam de Eaten Back to Life dois nomes de peso do death metal estadunidense: Glen Benton, do Deicide, e Francis H. Howard, do Opprobrium.

A dupla fornece os backing vocals em Mangled e em A Skull Full of Maggots. A dedicatória a Alferd Packer, assassino conhecido como o Canibal do Colorado, presente no encarte é outro sinal da mais completa falta de decoro, aliada a um espírito zombeteiro, do quinteto.

“Muitas pessoas nos subestimaram”, admite Webster. “Você tem essa sensação quando recebe críticas terríveis em revistas, ano após ano, como aconteceu com a gente no início da carreira. Se você olhar as resenhas mais antigas, nós fomos surrados pela imprensa. A gente tentava ter um equilíbrio entre músicas sombrias, assustadoras e o material realmente agressivo e troglodita. Não temos apenas um tipo de som. Tudo é sobre horror e tudo é death metal, mas existe bastante variedade entre esses parâmetros.”

Onde estão esses críticos tanto tempo depois? E onde está o Cannibal Corpse? Caso encerrado.

Foto: Reprodução